São Paulo, 24/2 – A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) projetam prejuízos de US$ 400 mil por dia com custos de elevação e “demurrage” (sobre-estadia) em virtude do estado crítico da BR-163, que impede o escoamento de grãos do Norte de Mato Grosso e Sul do Pará para os terminais portuários de Miritituba e Santarém, no Pará. “Caso a BR-163 se mantenha intransitável, os danos serão irrecuperáveis para o Brasil”, afirmou a Abiove, em nota divulgada nesta sexta-feira, 24, citando que os 178 quilômetros sem pavimentação no trecho entre Sinop (MT) e Itaiatuba (PA) estão intrafegáveis.

Segundo a associação, as fortes chuvas que caem na região amazônica neste mês de fevereiro, pico da safra de soja em Mato Grosso, complicam a situação da BR-163. Além do ônus de R$ 500 mil por dia, a Abiove diz que a situação causa “prejuízos incalculáveis com descumprimento de contratos, riscos financeiros com produtores e armazéns e, sem dúvida, riscos para a imagem do Brasil”.

As duas associações estimam que nesta safra serão embarcados pelos terminais de Miritituba e Santarém cerca de 7 milhões de toneladas de soja e milho. Tradings têm relatado que há caminhoneiros que levam 14 dias para transportar a mercadoria em um percurso de mil quilômetros. “Nesse período, teria sido possível fazer uma viagem de ida e volta para Santos (SP) ou Paranaguá (PR)”, aponta a Abiove.

As associações apontaram, ainda, que o trecho de 178 quilômetros sem pavimentação é conhecido dos caminhoneiros pela situação crítica em época de chuva, com atoleiros, veículos tombados e filas intermináveis de veículos, e ressaltaram o risco de acidentes para os motoristas que transitam no local e os prejuízos para os comerciantes no entorno da rodovia, que já estão sem mantimentos para repor estoques.

A Abiove e a Anec afirmaram que as chuvas reduziram a capacidade de tráfego da rodovia de 800 para 100 caminhões por dia. “Desde o dia 14 de fevereiro, já não chegam caminhões nos terminais fluviais de Miritituba”, apontou a Abiove, que cobrou providências do governo federal. “O asfaltamento dos 178 km da BR-163 é de responsabilidade do governo federal, sobretudo do Ministério dos Transportes e do DNIT”, destaca.

A associação defende ainda que cabe ao Departamento de Engenharia do Exército dar o suporte necessário para obras emergenciais. “Enquanto não ocorre a conclusão do asfaltamento do trecho antes do período das chuvas, são necessárias medidas emergenciais para garantir a trafegabilidade com condições mínimas de segurança”, disse a Abiove.

A associação pede a alocação de patrulhas mecanizadas para rebocar os veículos pesados atolados no barro, que as empresas construtoras adotem gestão do tráfego de caminhões para evitar que eles parem em fila dupla na rodovia e para assegurar capacidade de manutenção da pista e que os trechos críticos, entre eles Jamanxim, 3 Bueiros, Caracol e o aclive de Moraes Almeida, recebam reforço das obras de manutenção, especialmente no primeiro semestre do ano.