Chicago, 18/07 – A Deere, maior fabricante mundial de tratores e colheitadeiras, vem usando seu braço financeiro para conceder empréstimos a agricultores nos EUA, num momento em que preços mais baixos de milho, soja e trigo estão dificultando o financiamento da produção. A companhia já empresta bilhões de dólares a produtores rurais para financiar a compra de equipamentos. Agora, está ofertando mais credito de curto prazo para a compra de insumos como sementes, defensivos e fertilizantes. Segundo a Associação Americana de Banqueiros, a companhia já é a quinta maior credora do setor agrícola nos EUA, atrás dos bancos Wells Fargo, Rabobank, Bank of the West e Bank of America.

A Deere também expandiu seu programa de leasing, para colocar tratores nas mãos de produtores mesmo quando eles não podem ou não querem pagar centenas de milhares de dólares para comprar novos equipamentos. A unidade financeira da Deere vem ajudando produtores e, ao mesmo tempo, gerando renda para a companhia durante o pior período para a venda de maquinário agrícola em mais de 15 anos.

O lucro de agricultores deve cair pelo quarto ano consecutivo em 2017, para metade do nível registrado em 2013, de acordo com projeção do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). A dívida do setor, em termos ajustados pela inflação, está no maior nível desde os anos 1980s.

A companhia diz que está respondendo à maior demanda por leasing e por crédito de curto de curto prazo, inclusive de outras empresas do setor, como produtoras de sementes que estão oferecendo financiamento agressivo por meio da Deere para estimular as vendas.

“Nossa missão principal é dar suporte às vendas de equipamentos”, disse Jayma Sandquist, vice-presidente de marketing da John Deere Financial para Estados Unidos e Canadá. “É um setor cíclico. Construímos um negócio que conseguimos administrar de forma eficaz ao longo de todos os ciclos, e nosso desempenho indica que podemos fazer isso.”

O braço financeiro vem protegendo a Deere dos piores efeitos do declínio da economia agrícola, mantendo fábricas e revendedoras intactas e investidores satisfeitos com os lucros. Apesar de uma queda de 37% nas vendas de equipamentos agrícolas desde o pico alcançado em 2013, as ações da empresa subiram 72% ante a mínima recente registrada no começo de 2016 e acumulam valorização de 22% neste ano até agora.

A carteira de crédito da Deere Financial, que inclui empréstimos de curto prazo, leasing e empréstimos de prazo mais longo para a compra de equipamentos, totalizava US$ 34,7 bilhões ao fim do ano fiscal 2016 da companhia, em outubro passado. Desde 2013, o valor total de leasing de equipamentos aumentou 87%. Já os empréstimos para compra de equipamentos caíram 10% desde 2014, refletindo a queda das vendas de maquinário.

Empréstimos de curto prazo, usados por agricultores para compra de produtos como insumos para as lavouras e peças para tratores, aumentaram 38% desde o fim de 2015. Até o começo de 2017, a operação bancária da Deere Financial tinha desembolsado US$ 2,2 bilhões em empréstimos.

No ano fiscal 2016, a unidade financeira foi responsável por um terço do lucro líquido da Deere, em comparação a 16% em 2013.

“A Deere Financial é uma força enorme”, disse Robert Wertheimer, analista do Barclays. A companhia, que é responsável por cerca de dois terços de todos os grandes tratores vendidos nos EUA, “pode influenciar esse mercado. Eles têm mais poder de mercado do que a maioria das empresas.” Fonte: Dow Jones Newswires.