Brasília, 17/1 – O Ministério da Agricultura avalia ainda nesta terça-feira, 17, se autorizará a importação de café conilon, isenta de taxas, diante da produção interna ainda prejudicada e dos riscos para o abastecimento no País. Embora a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) preveja colheita entre 8,64 milhões e 9,63 milhões de sacas de 60 kg do grão, um crescimento esperado de 8,1% a 20,5% ante a safra de 2016, o prognóstico é de que o nível para o abastecimento do mercado doméstico é “apertado”.

“Vamos hoje à tarde tratar desse assunto com o setor e ver qual é a decisão que precisa ser tomada para que haja garantia de abastecimento. É bom lembrar que o Ministério da Agricultura defende o produtor. Em nenhum momento faremos qualquer movimento que possa prejudicar o produtor, mas temos de olhar o setor industrial e o abastecimento interno. Essa vai ser a tônica da reunião hoje à tarde”, disse o diretor do Departamento de Café, Cana-de-Açúcar e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Silvio Farnese.

Diante das dificuldades na produção de café conilon, espécie que responde por 20% da produção total do grão no País, representantes da indústria pleiteiam a isenção da tarifa de importação para um volume de 200 mil toneladas mensais trazidas do exterior, no período compreendido entre janeiro e maio. Acima disso, seria aplicada a Tarifa Externa Comum (TEC) de 35%. O objetivo do setor industrial é fazer uma complementação de abastecimento e garantir matéria-prima suficiente para suas atividades.

A produção de conilon foi especialmente prejudicada nos últimos três anos pela falta de chuvas no Espírito Santo, principal produtor da espécie. Com proibições legais do uso da irrigação, o resultado foi uma “erradicação” da cultura em determinadas áreas de produção capixaba. Embora a produção total de conilon deva ter aumento este ano (calcada sobretudo em expansões na Bahia e em Rondônia), a avaliação é de que a resposta ainda não foi suficiente.

No ano que vem, é possível que os problemas de abastecimento continuem. “Devemos ter em 2018 um ano ainda apertado de abastecimento, mas uma parte da (produção de café) arábica pode suprir alguma deficiência de oferta do conilon. Esperamos conseguir fazer um abastecimento normal, não deve ter nenhuma crise no setor cafeeiro”, disse Farnese.

Neste ano, a produção de café arábica (que domina os cafezais brasileiros, representando 80% do total produzido) deve encolher entre 19,3% e 12,7%, para entre 35,01 milhões e 37,88 milhões sacas. Mesmo assim, destacou o diretor do Ministério da Agricultura, a safra total de café (somando as duas espécies) será a segunda melhor já prevista. A receita bruta do setor deve superar R$ 20 bilhões.