Ribeirão Preto, 25 – A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Cartelização da Citricultura iniciará os trabalhos nesta semana na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, dois anos após a apresentação do requerimento de criação por um grupo de 39 deputados estaduais. Na primeira sessão, marcada para quinta-feira, 27, às 10h30, deverão ser eleitos o presidente e o vice-presidente da CPI e ainda nomeado um parlamentar para ser o relator do processo.

Com a demora entre a apresentação do requerimento para a instalação da CPI, em março de 2015, e a nomeação dos membros, no mês passado, um dos pontos principais do pedido de investigações – a formação de cartel para a compra de frutas pelas empresas de suco – já foi resolvido. Em novembro do ano passado, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) firmou um acordo com indústrias do setor, que pagaram R$ 301 milhões e admitiram a prática de cartel para encerrar o mais longo processo do órgão antitruste, iniciado em 1999.

“É um dos assuntos mais escabrosos da República e vamos ver por que foi encoberto. Foi a maior exploração de agricultores brasileiros já praticada”, afirmou à reportagem o deputado estadual Barros Munhoz (PSDB), que encabeçou o requerimento da CPI da Cartelização da Citricultura. Como é de costume na Assembleia, o parlamentar que apresenta ou lidera requerimentos de CPIs assume a presidência da comissão. Mas Barros Munhoz disse não saber se terá tempo para ocupar o cargo, já que é líder do governo Geraldo Alckmin (PSDB) no parlamento paulista.

Além de Barros Munhoz, são membros efetivos desta CPI os deputados Marco Vinholi (PSDB), José Zico Prado (PT), Ed Thomas (PSB), Edson Giriboni (PV), Itamar Borges (PMDB), Fernando Cury (PPS) e Pedro Kaká (PTN).

A Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), que representa a indústria do setor, informou apenas que “o requerimento da CPI é de 2015 e se refere ao processo que se encerrou no Cade, do qual a entidade e seus diretores não têm qualquer participação”. Por meio das assessorias de comunicação, a Citrosuco e a Cutrale informaram que não se pronunciarão sobre o assunto. Também procurada, a Louis Dreyfus Company (LDC) ainda não se manifestou.