São Paulo, 20/1 – A primeira audiência de conciliação para discutir o fechamento do frigorífico de Alegrete (RS) da Marfrig na Justiça do Trabalho terminou sem acordo. O encontro foi realizado na quinta-feira, 19, em Porto Alegre, na sede do Foro Trabalhista, com a participação do Sindicato do Trabalhadores da Indústria de Alimentação do Alegrete (STIAA), da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria de Alimentação e Afins e de representantes do frigorífico.

Foram cerca de quatro horas de conversa na busca de alternativas para evitar o desemprego de 648 trabalhadores. A demissão foi suspensa por decisão liminar da juíza Fabiana Gallon (titular da Vara do Trabalho de Alegrete) no dia 26 de dezembro, até que ocorra negociação coletiva entre a empresa e os trabalhadores. Uma nova audiência foi agendada para o dia 30.

Além disso, durante a mediação, foi definida uma vistoria na unidade para verificar se o frigorífico se encontra em condições de operação. A vistoria será feita na próxima segunda-feira (23), às 9h, e terá a presença de dois representantes do sindicato. A medida foi sugerida pelo juiz auxiliar de conciliação do TRT-RS, Luís Henrique Bisso Tatsch, como uma forma de levantar informações que possibilitem o avanço da negociação coletiva.

Apesar da vistoria, a Marfrig informou ao Broadcast Agro (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado), em nota, que continuará as negociações no âmbito da Justiça no próximo dia 30, na nova audiência.

Na metade de dezembro passado, a Marfrig informou que fecharia a unidade de Alegrete, alegando baixa oferta de gado na região. A intenção inicial era efetivar os desligamentos no início de 2017, assim que os funcionários retornassem das férias. Só que no dia 28 uma decisão da Justiça do Trabalho suspendeu a demissão em massa. A liminar impede que a companhia rescinda os contratos antes que haja uma negociação com o STIAA. A multa prevista em caso de descumprimento é de R$ 100 milhões.

O frigorífico de Alegrete está há dois anos cercado de incertezas. A Marfrig revelou a intenção de fechá-lo pela primeira vez no fim de 2014. A planta ganhou sobrevida após longas rodadas de negociação com sindicatos e a Justiça do Trabalho. Um acordo fechado em fevereiro de 2015 obrigou a empresa a manter a operação por pelo menos um ano, mas as atividades continuaram normalmente também ao longo de 2016, até a Marfrig anunciar em dezembro o objetivo de fechar a fábrica definitivamente.