Ribeirão Preto, 25/07 – Enquanto o setor sucroenergético pede a taxação do etanol importado para melhorar a competitividade do combustível nacional, as exportações da região Centro-Sul do Brasil do álcool anidro, aquele misturado à gasolina, dispararam 231,7% na primeira quinzena de julho e avançaram 19% desde abril, início da safra 2017/2018, sobre iguais períodos de 2016.

Dados da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) divulgados nesta terça-feira, 25, apontam que as vendas externas de anidro das usinas da região somaram 61 milhões de litros na primeira metade de julho, ante 18,39 milhões em igual período do ano passado, e acumulam 351,3 milhões na safra 2017/2018, ante 295,17 milhões entre abril e a primeira quinzena de julho de 2016.

Os dados são divulgados no dia em que a Secretaria Executiva da Câmara de Comércio Exterior (Camex) deve decidir pelo aumento da tarifa de importação de etanol de zero para 17%. A taxação é uma demanda da Unica e outras 20 entidades do setor sucroenergético para fretar justamente a importação de etanol anidro dos Estados Unidos.

O fluxo comercial do biocombustível entre os dois países é livre de impostos e o crescimento de 388% nas importações do etanol anidro pelo Brasil no primeiro semestre levou usinas e produtores de cana a pedirem ao governo o aumento do tributo.

Segundo agentes do mercado, a recuperação das exportações de etanol anidro mostram que a janela de importação do combustível norte-americano possa ter fechado e também que as compras externas tenham abastecido o mercado do Nordeste do Brasil.

Esse mercado enfrenta a entressafra de cana e, normalmente, é abastecido pelo etanol anidro “importado” do Centro-Sul, o que não estaria ocorrendo este ano. Os números mostram isso: enquanto as exportações cresceram, as vendas internas de anidro das unidades do Centro-Sul recuaram 9,36% na primeira quinzena de julho sobre igual período de 2016, para 396,428 milhões de litros, e a caíram 7,19% na safra, para 2,734 bilhões de litros.