São Paulo, 22/9 – O elevado nível de importação de cacau pelo Brasil nos últimos 12 meses acarretou uma tendência de recuperação dos estoques nacionais da amêndoa. Segundo a consultoria INTL FCStone, as reservas do País passaram de 66 mil toneladas ao fim do terceiro trimestre de 2016 para 83 mil toneladas até o mês passado, volume que já supera a média dos últimos cinco anos, de 82 mil toneladas.

Apesar do aumento, o Brasil continua na dependência de compras externas para atender a demanda da indústria processadora para produção de chocolates.

Somente no primeiro semestre deste ano, foram importadas 54 mil toneladas de cacau, o maior volume dos últimos 16 anos, para que a indústria pudesse processar cerca de 113 mil toneladas. “A produção brasileira de cacau foi prejudicada pelas chuvas fora de época na Bahia, Estado que na safra 2015/16 foi responsável por 66% da produção nacional”, explica o analista de mercado da INTL FCStone, Fábio Rezende.

O problema climático fez com que a colheita baiana fosse estimada em 65 mil toneladas, entre janeiro e junho de 2017, a segunda pior em sete anos.

O impacto da maior disponibilidade interna de amêndoas pode ser sentido no diferencial de base entre os preços físicos domésticos e o contrato futuro de referência da Bolsa de Nova York (ICE Futures US). “Em agosto do ano passado, o cacau em Ilhéus (BA) exibia um ágio de US$ 361/t em relação à bolsa, valor que já recuou para US$ 176 na média de agosto”, analisa Rezende.