Com o objetivo de desenhar estratégias de manejo da doença conhecida como do mal-do-Panamá da bananeira, pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), da Apta, do Instituto Agronômico (IAC), da Coordenadoria de Assistência Técnica Integra (Cati) e da Universidade Federal de Viçosa, se reuniram em 4 de maio, na Embrapa.

Além disso, o grupo, composto também por produtores do Vale do Ribeira, e Aguai, SP, buscou definir estratégias para dar seguimento a algumas linhas do projeto vigente e integrar outras em um novo projeto Fapesp.

Marcelo Morandi, chefe geral da Embrapa Meio Ambiente, destacou a importância da participação dos produtores, cedendo espaço, vivenciando e testando as soluções apresentadas.

Miguel Dita, pesquisador da Embrapa e coordenador do projeto, falou um pouco sobre o panorama da bananicultura em SP, as características da doença e as opções de manejo. “É preciso trabalhar em função das pessoas: produtores, comerciantes, enfim, a cadeia completa”, acredita o pesquisador.

Miguel destacou o valor da produção bruta da cultura em 2014, que foi de 6 bilhões de dólares. Em São Paulo, são mais de 1000 produtores, 56.000 hectares, gerando mais de 300 mil empregos diretos. No Brasil se consome banana principalmente in natura, mas há grandes oportunidades na agroindústria que vem crescendo no país.

“É difícil de produzir a variedade maçã – a mais cara, em áreas infectadas. Os sintomas são a murcha, rachaduras, pouco crescimento, com o sistema radicular comprometido. A doença, que afeta onde se origina o cacho, tem avançado de maneira transcontinental”, adverte o pesquisador.

Miguel disse que a Embrapa tem variedades resistentes, que pouco a pouco vem conquistando o mercado. “A Embrapa tem pesquisado tolerância a estreses abióticos, resistência a pragas e doenças, características agronomia e qualidade da fruta em mais de 20 sítios de avaliação espalhados pelo Brasil. É preciso entender as práticas usadas pelos produtores e os produtores participantes da projeto colaboram muito com isso, enfatizou o pesquisador.

Henrique Vieira, técnico da Embrapa Meio Ambiente, informou que o polo produtivo do Vale do Ribeira responde por 73,6% da produção, que junto com São Bento do Sapucaí, Penápolis e Jales, produzem 80% da banana do estado.

Luiz Teixeira, pesquisador do IAC, falou sobre os fatores abióticos do solo e sua relação com a doença. Depois de fazer a avaliação física e química do solo, ele analisou como as características do solo se relacionam com a doença, sempre visando estratégias de manejo.

Eduardo Rossi, também pesquisador do IAC, apresentou resultados das análises nematológicas, destacando as 5 principais espécies mais problemáticas no mundo: cavernícola, espiralado, das lesões radiculares, de galhas e reniforme, em ordem de importância. Esses nematoides ocorrem nas plantações em São Paulo, mas aparecem em baixa proporção nas propriedades analisadas, informou Rossi.

Alguns técnicos e produtores parceiros de projetos participaram dessas atividades. Silvio Romão, produtor de Jacupiranga, no Vale do Ribeira, desde 2009, constatou um pouco do mal-do-panamá em sua propriedade. Ele conseguiu erradicar as plantas doentes por orientação dos pesquisadores. Conforme o produtor, a Embrapa está fazendo um importante trabalho de pesquisa na região.

Orivaldo Dan, produtor desde 1980, também do Vale do Ribeira, teve uma pequena área detectada. “Erradicamos a planta sensível e plantamos a variedade nanica, que é a mais resistente. O trabalho dos pesquisadores em minha propriedade está começando, mas já foi feito um levantamento preliminar”, diz.

Ele ressalta a importância da bananicultura no Brasil, com foco no estado de SP, e quanto as instituições de pesquisa podem fazer para melhorar a cadeia produtiva da cultura.