Com uma super safra brasileira de grãos a caminho, estimada em 227,9 milhões de toneladas pela Companhia Nacional de Abastecimento, volume 22,1% superior ao ciclo 2015/2016, há produtor que já está traçando planos audaciosos para o ciclo de plantio 2017/2018. “Nossa 32produção está crescendo e precisávamos de uma colhedeira nova e com capacidade maior”, diz o agricultor gaúcho Claudinir Stark, 41 anos, da fazenda Irmãos Stark, de 850 hectares cultivados no município de Piratini (RS). Diante desse cenário, o produtor de soja, milho e trigo não poupou dinheiro e acabou comprando três colhedeiras, por cerca de R$ 1,5 milhão, todas da marca Valtra, do grupo americano AGCO. O negócio foi fechado na Expodireto Cotrijal, realizada em março, no município de Não-Me-Toque (RS), feira que movimentou R$ 2,1 bilhões, 34% a mais que no ano passado. “Viemos à Expodireto para conhecer os lançamentos de perto e fechar o negócio”, afirma Stark.

Investimentos na compra de novas colhedoras, tratores e equipamentos vêm ocorrendo em larga escala, como na feira paulista Agrishow, a maior delas, realizada no final de abril e início de maio em Ribeirão Preto, quando esta edição da DINHEIRO RURAL era fechada, ou na Tecnoshow, de Rio Verde (GO), uma das principais do Centro-Oeste. A previsão é de negócios em alta em outras feiras do calendário agropecuário, como a gaúcha Expointer, que acontece no final de agosto, em Esteio. Mais do que espaços demonstrativos de novas tecnologias, esses eventos servem a grandes negócios e são termômetros do que pode ocorrer nas concessionárias. Paulo Beraldi, diretor de vendas da Valtra, marca que pertence à americana AGCO, diz que o mercado tem agora a oportunidade de virar a página de um período de vacas magras. A estimativa é de que as vendas cresçam 20%, com um saldo de 52,4 mil máquinas comercializadas até o final do ano. “É claro um otimismo maior no setor de máquinas agrícolas, o que resulta em mais investimentos”, afirma Beraldi. Em 2016, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), registrou o pior desempenho dos últimos dez anos, com a venda de 43,7 mil máquinas no mercado interno, 4,4% abaixo de 2015.

Para os fabricantes de máquinas, as vendas de 2017 devem melhorar até ao mercado externo. De acordo com Alfredo Jobke, diretor de marketing da AGCO para a América do Sul, o ritmo é de recuperação em alguns mercados. “Além do mercado argentino, o mexicano e o sul-africano estão no foco das exportações brasileiras”, afirma Jobke. Nas exportações, 2016 foi o pior período dos últimos três anos, em número de máquinas vendidas, segundo os dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). Foram exportadas 96,5 mil unidades ante 108,2 mil em 2015. A previsão para este ano é crescer 10%, com 106,2 mil tratores e colhedoras exportados.

"Nossa produção está crescendo e preci­sá­va­mos de uma colhedeira nova e com capacidade maior” claudinir stark, produtor de piratini (RS)
“Nossa produção está crescendo e preci­sá­va­mos de uma colhedeira nova e com capacidade maior” Claudinir Stark, produtor de
piratini (RS)

Os resultados já consolidados no primeiro trimestre ano sustentam as expectativas para o próximo período. Segundo a Anfavea, o acumulado das vendas de janeiro a março representou um crescimento de 27,9% ante 2015, saindo de 7,6 mil máquinas vendidas para 9,7 mil. As exportações cresceram 14,4%, chegando a 2,3 mil unidades.

Para Alexandre Blasi, diretor comercial da New Holland no Brasil, do grupo CNH Industrial, que faturou globalmente US$ 25,3 bilhões em 2016, há bons fundamentos para o resultado obtido até agora. “O clima, por exemplo, favoreceu a produção, e a linhas de financiamento do governo também contribuíram bastante”, diz Blasi. Uma certa estabilidade político-econômica do País, ainda que frágil, também foi uma das questões que ajudou o setor a voltar aos eixos. “O produtor passou a ter mais previsibilidade do que viria pela frente e não teve medo de investir”.

Otimismo: Paulo Beraldi, da Valtra, diz que o produtor vai investir em máquinas
Otimismo: Paulo Beraldi, da Valtra, diz que o produtor vai investir em máquinas

Além disso, setores produtivos do agronegócio que há muito estavam retraídos voltaram a investir com força, como é o caso do sucroenergético. Segundo José Henrique Karsburg, gerente de negócios da americana Case IH, também pertencente ao grupo CNH Industrial, o as usinas estão de volta à ativa. “Ninguém deste setor fala mais em crise”, diz Karsburg. “É um segmento que também está firme e otimista.” Não por acaso, a venda de colhedoras de cana-de-açúcar aumentou 16,9% no trimestre, na comparação com o mesmo período de 2015. Até março, foram vendidas 152 unidades.