Neste ano, o comércio da técnica de cultivo de alimentos provenientes de Organismos Geneticamente Modificados (OGMs), os populares transgênicos, está completando 21 anos. O ano de 1996 é a data símbolo, por causa da sua apresentação ao mercado consumidor americano de alimentos. Embora haja no mundo setores da sociedade que não aceitam a técnica ainda hoje, depois de duas décadas e trilhões de refeições servidas, não foi possível provar cientificamente impactos negativos na saúde humana, decorrentes de seu uso. “Eu já ouvi de diversas pessoas e concordo: o agronegócio precisa se comunicar melhor para evitar problemas dessa natureza”, diz o executivo escocês Hugh Grant, presidente mundial da americana Monsanto. Ele esteve no Brasil nos últimos dias de março, para participar do GAF Talks, evento realizado pelo Global Agribusiness Forum em São Paulo, coordenado pela consultoria Datagro. “A própria Monsanto precisa se comunicar mais, porque em muitas partes do mundo os consumidores não têm ideia de onde vem a comida.”

Na ocasião, ao falar sobre o futuro do agronegócio, Grant cortou uma maçã em diversos pedaços, descartando todos eles até chegar a uma fatia que representasse cerca de 3% do total da fruta. Para ele, essa porção mínima é uma metáfora do percentual de terras produtivas em todo o planeta. Por isso, é preciso colocar a inovação como o grande objetivo da agricultura, visando aumentar a produtividade de fazendas, do solo e das companhias ligadas ao setor. De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês), na última década a produção anual de alimentos cresceu 500 milhões de toneladas: passou de 4,5 bilhões para 5 bilhões.

O aumento se deu graças às tecnologias. As lavouras transgênicas estão em 28 países, cultivadas por 18 milhões de agricultores, segundo o Centro de Conhecimento Global sobre Biotecnologia de Culturas (Isaaa, na sigla em inglês). São cerca de 182 milhões de hectares, o dobro de uma década atrás. Os benefícios em economia, como defensivos e o aumento da produção, são de US$ 150 bilhões.

Para dar respostas ao mercado, os investimentos da Monsanto, uma gigante que fatura US$ 13,5 bilhões por ano, tem elevado o aporte destinado ao desenvolvimento de novos produtos e de tecnologias. Nos últimos anos, saltou de US$ 500 milhões por período, para US$ 1,5 bilhão em 2016. Agora, com a sua fusão com a alemã Bayer, o valor deve aumentar. A previsão é de US$ 2,5 bilhões somente em agricultura. “Quando você olha o tamanho do desafio do setor, isso será de grande ajuda para a nossa evolução.”

Para o executivo, não há como fugir da ciência genômica como futuro do setor. Há uma década, a Monsanto pesquisa novas formas de como criar uma espécie de mapa genético para cada tipo de semente, seja algodão, soja, entre outras. Grant diz que as oportunidades são gigantescas
e trarão benefícios não só para a agricultura, mas também à medicina humana, por exemplo. “Estamos apenas no início da ciência genômica”.