Cuiabá, 25/5 – O CEO da Marfrig Global Foods, Martin Secco, admitiu nesta quinta-feira, 25, que a crise provocada pela delação de executivos e donos da JBS, sua principal concorrente e maior empresa do setor de proteína animal do planeta, “obviamente foi um evento não feliz para o segmento frigorífico por envolver o maior player”. De acordo com o executivo, a Marfrig, que tem como acionista o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), está “absolutamente tranquilo” com o envolvimento da instituição nas delações investigadas pela Procuradoria Geral da República (PGR) e pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

“O BNDES é acionista, não sabemos (de irregularidade) e nós estamos absolutamente tranquilos que, se isso (investigação) acontecer, tanto BNDES quanto Marfrig darão explicações”, afirmou. “Estamos falando do líder (JBS) indiscutível do negócio e não temos noção de qual vai ser a situação final”, emendou o executivo durante seminário “A Força do Campo”, em Cuiabá (MT), organizado pelo Santander e pelo governo de Mato Grosso.

Secco negou que esteja ocorrendo uma retração nas vendas a prazo dos pecuaristas para a companhia, como se comenta no mercado desde a semana passada após a crise da JBS. Ele lembrou que 30% das operações de compra de animais são feitas à vista na Marfrig e seguem assim, mas que a opção de negócios a prazo vem crescendo, independentemente do ocorrido com a concorrente.

Para o CEO da Marfrig, “não houve mudanças no mercado de boi e tampouco no consumo de carne” desde a semana passada, apesar de ser cedo para uma avaliação aprofundada. Outro fator foi o aumento da exportação de 10% na última semana por conta da alta do dólar e da tentativa de clientes internacionais em buscarem preços mais baixos para se protegerem da valorização da moeda.

“O mais importante é estabilidade do dólar. Obviamente, se você olha o lado exportador, fizemos negócios com câmbio mais baixo e agora entra mais recursos e a empresa ganha. Mas já ocorreu o contrário e, para nós, não é uma grande notícia (valorização do dólar)”, afirmou.

O executivo afirmou também que o processo de oferta pública de ações da Keystone nos Estados Unidos “segue com processo totalmente normal” e que os recursos captados pela companhia com a operação serão usados, ainda sem dada prevista, para a expansão da própria empresa, especialmente na Ásia.

*O jornalista viajou a convite do Santander