Nova York, 24/5 – A Bunge, gigante do agronegócio, negou por meio de comunicado estar em negociação para uma possível combinação de negócios com a Glencore, multinacional que se destaca no setor de mineração. A declaração veio após a imprensa norte-americana vazar uma possível proposta de aquisição, que foi confirmada pouco depois pela Glencore, em nota.

As notícias fizeram as ações da Bunge subir na terça-feira cerca de 17% na Bolsa de Nova York (ICE Futures US). Segundo analistas, agora é a hora de ver o quão disposta estaria a Glencore em fechar este acordo, uma vez que a Bunge, que tem forte presença no Brasil, não demonstrou vontade de sentar à mesa para conversar.

A postura da Glencore diante da negativa vai depender dos seus objetivos. Um exemplo foi a própria Kraft, que tentou comprar a Unilever, mas desistiu pouco tempo depois. Por meio de nota, a Bunge não negou a proposta, mas disse “que não está engajada em discussões sobre combinações de negócios com a Glencore Agriculture Limited (joint venture da Glencore)”.

A Glencore confirmou, em nota na terça, ter feito por meio da Glencore Agriculture Limited proposta “informal” de aquisição da Bunge. “As discussões podem ou não se materializar e não há certeza de que qualquer transação ocorrerá”, disse. Não está claro em que pé estão as discussões entre as empresas e o valor da proposta também não foi informado até o momento. A Bunge tinha um valor de mercado na terça-feira de quase US$ 10 bilhões, incluindo dívida.

Somente o setor de agricultura da Glencore reportou receita de US$ 22 bilhões em 2016, ante US$ 66,3 bilhões nas operações de metais e mineração. A Glencore Agriculture Limited é uma das maiores empresas do mundo que comercializam trigo, cevada e girassol, além de ter uma presença significativa na Rússia, União Europeia, Canadá e Austrália. Com 275 instalações de armazenamento, a joint venture emprega cerca de 14 mil pessoas em 17 países, de acordo com o site da empresa.

Já a Bunge está entre as maiores e mais antigas tradings de grãos, com papel importante no fluxo de mercadorias (grãos e gado) do campo até as fábricas de alimentos. Com US$ 42,9 bilhões em vendas no ano passado, a Bunge, junto com Archer Daniels Midland (ADM), Cargill e Louis Dreyfus, integra o chamado grupo “ABCD”, que domina o agronegócio global. (Com Dow Jones Newswires)