São Paulo, 13/09 – A prisão preventiva do presidente da JBS, Wesley Batista, na investigação sobre o suposto uso de informações privilegiadas em operações financeiras, tem efeito limitado no mercado pecuário nacional, que é dominado pela empresa. A comercialização de animais entre criadores e frigoríficos é praticamente normal nesta quarta-feira, 13, segundo analistas do mercado.

O pecuarista e vice-presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Pedro de Camargo Netto, disse que, apesar de ainda ser cedo para avaliar, o mercado deve reagir com tranquilidade. “Os bancos já renovaram os empréstimos (do JBS). Os demais frigoríficos elevaram seus abates”, informou. Desde a Operação Carne Fraca e da delação dos irmãos Batista, o setor vem lentamente tentando diversificar compradores. Nos últimos meses, outras companhias frigoríficas aumentaram a escala de abate e unidades foram reativadas.

Para o analista Alex Lopes da Silva, da Scot Consultoria, os efeitos devem ficar restritos aos ativos na Bolsa. “A JBS já está se reestruturando e as decisões não passam só por Wesley. Isso deve ter muito mais efeito para as ações da companhia e futuros do boi gordo do que para o mercado físico”, afirmou.

O consultor da Agro Agility, Gustavo Figueiredo, disse que outro ponto que não permite uma queda do preço da arroba do boi gordo como no primeiro semestre é que a oferta agora é menor. “E naquela época existiam mais dúvidas como: dívidas, vendas de ativos que hoje já não temos tanto”, disse. “O risco é a JBS parar de abater em algumas unidades que aí sim poderia existir uma pressão maior. Mas espero que continuem abatendo normalmente. Vamos acompanhar”, acrescentou.

Nesta terça-feira, 12, o preço do boi gordo, que acumulou forte ganho em agosto, caiu em alguns Estados, inclusive em São Paulo, que é a praça de referência do mercado. Os motivos apontados pelos analistas foram o fraco consumo de carne bovino e bom estoque de bois nas indústrias.

Já os contratos futuros do boi gordo negociados na B3 continuam em queda nesta quarta-feira. Ontem, o vencimento outubro fechou a R$ 139,57 (-R$ 2,05) a arroba e, por volta das 12h desta quarta, perdia R$ 1,94.

As ações da JBS ON operavam em queda desde a abertura, mas por volta das 11h15 começaram a subir. Por volta das 12h, a valorização era de 1,98%. Os ganhos do papel ocorrem na expectativa da troca do comando, acelerada agora com a prisão do presidente Wesley Batista.