Abidjã, 15/05 – Bancos e plantas de processamento de cacau das maiores cidades da Costa do Marfim fecharam as portas nesta segunda-feira em resposta ao agravamento do motim militar que há quatro dias toma conta do país. Segundo a mídia local, houve tiroteio durante a madrugada e soldados rebeldes bloquearam a principal rodovia do país.

A revolta dos militares – da qual participam 8 mil de um exército de 22 mil combatentes – teve início na última semana, na cidade de Bouake, quando o governo adiou o pagamento de um bônus prometido em janeiro. O compromisso havia sido firmado após um levante similar ao atual.

Maior exportador mundial de cacau, a Costa do Marfim sentiu os efeitos de desvalorização da commodity no mercado mundial e não conseguiu pagar em sua totalidade os benefícios negociados com os soldados. Com isso, o clima de tensão piorou.

Apesar de o governo exigir que o movimento se renda e entregue suas armas, líderes do motim se negam a obedecer às ordens.

O conflito gera receio de que o país volte a enfrentar uma onda de violência que havia terminado em 2011, após 10 anos de guerra civil. A relativa estabilização política, somada a investimentos externos, colocou a Costa do Marfim em patamares significativos de crescimento, com previsão de aumento do Produto Interno Bruto de 8,5% para este ano, conforme estimativa do Banco Mundial.

“Parece improvável que a situação se deteriore para uma crise de segurança nacional no curto prazo, mas ela mostra a fragilidade da segurança local e aponta para uma perspectiva preocupante no período que precede as eleições presidenciais em 2020”, afirma Manji Cheto, analista da consultoria Teneo Intelligence. Fonte: Dow Jones Newswires.