Lucas do Rio Verde (MT), 19/1 – A perspectiva é de recuperação da produtividade de soja na região entre Sorriso e Lucas do Rio Verde na safra 2016/17, mas as chuvas fortes de ontem preocupam produtores. Várias lavouras estão prontas para colheita por causa do plantio realizado logo no começo da janela ideal, entre 15 e 30 de setembro, e do uso de variedades precoces para semear área maior de safrinha na sequência.

Com precipitações durante todo o dia na quarta-feira, os trabalhos de campo foram interrompidos na maioria dos locais visitados pela Equipe 1 do Rally da Safra, que tem a participação do Broadcast Agro, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado. Produtores que conversaram com a Equipe 1 relataram, contudo, ânimo renovado com a alta de preços desta semana na Bolsa de Chicago (CBOT), que já se reflete nas cotações do grão na região.

O produtor Gilberto Eberhardt, da Fazenda Recanto, de Lucas do Rio Verde, que planta 510 hectares de soja neste ano-safra 2016/17, mesma área do ciclo passado, revelou a perspectiva de colher toda a safra até o dia 15 de fevereiro, já que o plantio começou em 26 de setembro. Ele já colheu 80 hectares desde sexta-feira passada. O produtor estima rendimento próximo a 60 sacas por hectare em 2016/17, contudo, está atento ao clima após as fortes chuvas ao longo da quarta-feira, 18, e citou previsão de que o período chuvoso poderia chegar a 10 dias. “Para a soja é um veneno, porque fica muito tempo úmida”, afirmou.

Mesmo assim, a perspectiva é de um ano mais próximo da normalidade do que 2015/16. “No ano passado, eu tinha colhido 60% da lavoura e estava com média de 62 sacas por hectare. Depois veio soja até para 40 sacas por hectare. Ocorreu um veranico de 15 dias em janeiro, foi bem nesta época, daí a média veio para baixo.”

Entretanto, a alta nas cotações motivada pelas enchentes em áreas produtoras na Argentina deixa o produtor na expectativa de uma boa rentabilidade. “Deu uma animada porque já aumentaram em R$ 1,50 o preço esta semana. O mercado deu uma melhorada”, assinalou Eberhardt. Além de ter produção própria de sementes para uma parte da safra, o produtor conseguiu reduzir custo do adubo, comprando mais barato do que nos anos anteriores.

“Dentro do meu grupo, acho que quem pegou adubo mais barato para a soja fui eu, porque fui o último a adquirir o produto. Esperei entrar o dinheiro do milho.” Com metade da safra de soja negociada, ele relatou ter fechado vendas por até R$ 69/saca antes de os preços começarem a ceder. No disponível, iniciou as vendas da safra recém-colhida por R$ 60/saca e agora aguarda para ver como os preços se comportam.

O produtor Rodrigo Pozzobon plantou 2.400 hectares com soja nesta safra 2016/17 no município de Vera e 800 hectares em Diamantino, área estável ante o ciclo anterior. A expectativa é colher 65 sacas por hectare na primeira propriedade e 58 sacas por hectare na segunda, ante 49 e 47 sacas por hectare, respectivamente, na temporada passada. A chuva foi normal ao longo do ciclo, com exceção de um período de 9 a 10 dias sem precipitações em Vera, segundo o produtor.

Na quarta, em entrevista na sede do Sindicato Rural de Sorriso, ele relatou que a principal preocupação no momento é a falta de diesel por causa das paralisações de caminhoneiros, que terminaram na mesma data. “Comprei diesel na segunda-feira de manhã. O meu fornecedor me disse que tinha 500 mil litros em estoque, só que para 2 dias e meio. Na terça-feira de manhã, tentei comprar mais e já não tinha, todo mundo já tinha comprado”, relatou Pozzobon. “Aí consegui comprar diesel em Diamantino. Paguei 7 centavos a mais, mas nesta hora é melhor garantir.”

Ele esperava atingir em breve 12,5% da safra colhida, mesmo com as chuvas dos últimos dias. “Eu comecei a colher com 28% de umidade na terça-feira e de tardezinha estava 17%, 18%. Isso é um bom sinal, de que a soja está boa ainda. Quando a soja começa a ficar ruim, não baixa mais a umidade.” Por enquanto, a média da área já colhida pelo produtor está em 65 sacas por hectares, o que sinaliza uma recuperação para os níveis do ciclo 2014/15, quando ele havia obtido 66,3 sacas por hectare. “Eu baixei 17 sacas por hectare de média no ano passado”, afirmou.

O pior resultado fez com que adiasse investimentos necessários na sua propriedade. “Ano passado para mim foi um ano de ponto morto. Ainda deu um pouquinho de lucro, mas tirei o pé, não fiz investimento nenhum, só os extremamente necessários, não comprei máquina, não aumentei armazém.” Para uso no ano-safra 2017/18, o produtor voltará a investir: planeja instalar até julho quatro pivôs para irrigação de 255 hectares.

Segundo dia

No segundo dia de visitas às lavouras do Rally da Safra 2017, as equipes visitaram áreas em Nova Ubiratã, Santa Rita do Trivelato, Nova Mutum, Tapurah, Ipiranga do Norte, Itanhangá, Lucas do Rio Verde e Sorriso. Segundo o analista de conjuntura da Agroconsult, Valmir Assarice, foram observados na média rendimentos entre 52 sacas e 55 sacas por hectares nas medições feitas em lavouras do percurso.

*A jornalista viajou a convite da Agroconsult