Brasília, 25/07/2017 – Os pequenos produtores rurais brasileiros utilizam smartphones para acessar a internet, mas nem sempre conseguem usar esta e outras ferramentas para incrementar a produção. O principal problema é a falta de infraestrutura de comunicação no campo. Esta é uma das conclusões da pesquisa “Tecnologia da Informação no Agronegócio”, realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O Broadcast Agro teve acesso aos resultados com exclusividade.

De acordo com a pesquisa, 96% dos produtores rurais utilizam telefones celulares. Deste universo, 71% dos donos de microempresas rurais (faturamento anual até R$ 360 mil) usam smartphones para o acesso à internet. O porcentual é de 85% entre os proprietários de empresas de pequeno porte (faturamento entre R$ 360 mil e R$ 3,6 milhões).

Apesar disso, o uso de internet na atividade produtiva é restrito, em função da dificuldade de acesso e da má qualidade da conexão no campo. Conforme a pesquisa, apenas 6% dos produtores já compraram pela internet, 4% já utilizaram a rede para vender e somente 16% dos empreendimentos rurais possuem página na internet ou perfil em redes sociais. A pesquisa ouviu 4.467 produtores rurais entre 29 de março e 12 de abril, nas 27 unidades da Federação.

“A pesquisa demonstrou que os produtores estão conectados pelo celular, mas nem sempre podem fazer a gestão do seu negócio em função da falta de infraestrutura, de uma rede que possa ter abrangência nacional”, afirmou o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos.

“Nem é preciso fazer a cabeça do produtor sobre o uso da ferramenta. Isso já está acontecendo no agronegócio como um todo e chega também ao pequeno proprietário. Ele só não usa o sistema para gestão porque não tem uma rede de infraestrutura para isso”, acrescentou.

O produtor Fabio Kazunori Dan é um exemplo de empresário do campo sintonizado às novas tecnologias, mas que esbarra na falta de infraestrutura de redes. Há cerca de um ano e meio, ele vem aplicando a tecnologia da informação para controlar a produção da Dan Orquídeas.

“Sou produtor de orquídeas em Mogi das Cruzes (SP) e esta atividade tem um ciclo bastante longo. Para contabilizar manualmente as informações, fica complexo”, disse. Hoje, os trabalhadores da Dan Orquídeas inserem em um sistema dados sobre plantio, irrigação e adubação para levantar custos de mão de obra e depreciação de estufas, entre outros. A área total de produção é de 30 mil metros quadrados.

O empresário afirma que a informatização dos controles está em andamento, mas reconhece que o acesso à internet, na região, deixa a desejar. “Se tivéssemos o acesso rápido à internet, seria muito melhor. Há dias, por exemplo, que ficamos devendo a emissão de nota fiscal eletrônica, porque estamos sem acesso à internet”, diz.

A expectativa do Sebrae é de que esta dificuldade diminua a partir da utilização do Satélite Geoestacionário Brasileiro de Defesa e Comunicações Estratégicas, lançado ao espaço em maio. “Uma das grandes prioridades é justamente reservar boa parte da capacidade deste satélite para o campo”, disse Afif.

O produtor Olimar Nunes do Amaral, da região de Atibaia (SP), reconhece a importância da tecnologia da informação para seu negócio. À frente da Bio Plugs, empresa que fornece mudas de plantas ornamentais, ele utiliza há quatro anos dois programas voltados à produção. “Com o primeiro, tenho um controle pré-programado de temperatura e luminosidade na estufa. E com o segundo eu programo meus custos”, explicou. Segundo ele, o uso de tecnologia da informação permitiu um ganho de 200% em produtividade.