Greenville, EUA, 20 – O lucro do setor agrícola dos EUA vai cair pelo quarto ano consecutivo este ano, recuando para US$ 62,3 bilhões, metade do recorde de US$ 123 bilhões obtido por agricultores do país em 2013, projeta o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). A última vez que a renda caiu por quatro anos seguidos foi em meados da década de 1970. Comunidades rurais provavelmente serão as mais afetadas pela pressão contínua sobre os agricultores, à medida que as perdas de empregos e os menores valores das terras agrícolas reduzem a base tributária, cuja arrecadação seria destinada a escolas e outros serviços públicos.

Produtores dos EUA estão ampliando a área de soja, apostando que a demanda robusta da China e de outros importadores tornará a soja mais lucrativa do que o milho. O USDA projeta que um recorde de 36,2 milhões de hectares será plantado com soja e que as exportações dos EUA vão se expandir de forma modesta na próxima década. A soja também é transformada em farelo para alimentar gado e aves, assim como em óleos usados para cozinha e em produtos alimentícios como a margarina.

Agricultores também poderiam dedicar uma área maior à soja especializada, adaptada para produzir óleos mais saudáveis para alimentos processados, o que pode significar um preço mais alto. “Daqui a vinte anos, talvez não nos concentremos em obter mais bushels de cada acre, mas em cultivar uma cultura mais rica em nutrientes”, diz Jim Sutter, diretor executivo do Conselho de Exportação de Soja dos EUA.

Em geral, as terras agrícolas dos EUA encolheram 12%, ou 18,6 milhões de hectares, desde 1982, em parte devido ao desenvolvimento urbano. Em contraste, no Brasil, cerca de 61 milhões de hectares a mais no Cerrado podem eventualmente ser cultivados, com agricultores convertendo mais pastagens em lavouras, de acordo com o USDA. A expansão agrícola brasileira tem atraído críticas pelo desmatamento, embora na última década agricultores tenham impulsionado a produção principalmente convertendo terras de pastagem e aumentando a produtividade agrícola, em vez de derrubar a floresta tropical, de acordo com a Nature Conservancy, um grupo de preservação que já trabalhou com empresas de grãos.

Bruno Gilioli, que produz soja em Goiás, diz que a propriedade de sua família cresceu dez vezes desde o final da década de 1990, quando seu pai comprou os primeiros 200 hectares com os recursos da venda de seu negócio de sementes, e que ele ainda pode expandir a área. “É fácil abrir novas terras”, diz Gilioli, apontando para uma grande extensão de pastagens da cabine de sua caminhonete Ford. “Em dois ou três anos, tudo isso será soja.” Fonte: Dow Jones Newswires