São Paulo, 27 – O novo presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Marcelo Vieira, que tomou posse nesta tarde de segunda-feira, 27, em São Paulo, afirmou que os problemas provocados pela Operação Carne Fraca, deflagrada no dia 17 de março pela Polícia Federal, já estão sendo resolvidos e que, com isso, os preços pagos pela carne brasileira no mercado externo devem se acomodar no médio prazo. “(Os preços) Devem voltar a ser definidos por questões de oferta e demanda”, afirmou ele a jornalistas.

Também sobre a operação, o agora vice-presidente da SRB e pecuarista Pedro de Camargo Neto, disse ao Broadcast Agro, serviço de notícias e tempo real do Grupo Estado, que o principal impacto da operação deve ser na abertura de novos mercados. Ele citou o cancelamento da missão brasileira que deveria ir ao México neste mês para tratar, entre outros assuntos, da comercialização de lácteos. Camargo Neto acrescentou que agora não há espaço para o Brasil sair em busca de novos mercados. “Só vão pensar em abrir mais quando estiver tudo calmo”, disse.

Em relação à China, o vice-presidente da SRB comentou que o país asiático nem sequer deve ter tido tempo, por exemplo, de barganhar preços com o Brasil após o episódio da Carne Fraca. “Acho que não houve barganha de preço porque não houve tempo. A China foi pega de surpresa, teve a reação e, depois que tudo foi devidamente esclarecido (pelas autoridades brasileiras), voltou atrás”, disse. Logo em seguida à operação da PF, a China, que figura entre os principais compradores de carnes do Brasil, suspendeu temporariamente as compras da proteína brasileira. O veto durou até este sábado.

Camargo Neto afirmou ainda que Hong Kong, outro país que vetou os embarques brasileiros, deve voltar a comprar do Brasil na sequência e que, dessa forma, as exportações de carne bovina não devem sofrer grandes impactos. “No boi está quase tudo resolvido. Para aves e suínos, vai mais ou menos um mês ainda se vier alguma coisa da União Europeia ou algo sobre as duas (grandes) empresas envolvidas”, afirmou, referindo-se a BRF e JBS, citadas nas investigações da Polícia Federal.

Sobre o recente pedido de mais esclarecimentos às autoridades brasileiras, feito pela Arábia Saudita, ele considerou o movimento normal. “Eles estão no direito deles”, disse.

A diretora de Pecuária da SRB, Teresa Cristina Vendramini, afirmou que a agilidade na resposta do governo federal foi primordial para mitigar os efeitos negativos. “A publicidade da Polícia Federal foi bem maior do que o problema”, disse Vieira.

A SRB realizou coletiva de imprensa para falar sobre as perspectivas para o agronegócio em 2017 e os desafios para o setor nos próximos anos. Marcelo Vieira e a nova diretoria foram eleitos pelo Conselho Superior da SRB no dia 8 de fevereiro.