Era junho de 1993 quando um grupo de homens liderados pelo então diretor do Departamento Nacional de Máquinas e Implementos Agrícolas da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentes, Ivan Pupo Lauandos, sentou-se à mesa para criar a chamada “Exposição Nacional Dinâmica de Máquinas e Insumos”. O Brasil era um país diferente naquele tempo. Fazia pouco mais de um mês que o ministro da Fazenda Elizeu Resende deixara o cargo diante de uma inflação galopante e o sociólogo Fernando Henrique Cardoso assumira a pasta com a missão de criar um plano de estabilização econômica que ficou conhecido como o Plano Real. Hoje sinônimo de riqueza e pujança nacional, o agronegócio ainda engatinhava.

A produção nacional de soja naquele ano chegaria a meros 23 milhões de toneladas, o equivalente ao total produzido apenas pelo Estado de Mato Grosso na safra 2012/2013 e a 25% dos 82 milhões de toneladas estimadas para este ano. Coincidência ou não, o fato é que, de certa forma, a história recente de sucesso vivida pelo campo brasileiro está intimamente ligada ao crescimento da Agrishow. Em duas décadas, a Feira de Tecnologia em Ação se transformou no segundo maior evento mundial do gênero. Perde apenas para a Farm Progress, nos Estados Unidos. No ano passado, mais de 140 mil visitantes andaram por suas ruas e geraram mais de R$ 2 bilhões. Ministros, governadores e presidentes da República já participaram de suas aberturas e o próprio Ministério da Agricultura teve seu gabinete transferido para o recinto da Agrishow em outros anos. Dessa forma, assim como se diz que o agronegócio move o Brasil, não seria exagero pensar que a Agrishow move o agronegócio brasileiro. E há motivos para acreditar nisso.

Com a estabilização da inflação e a conquista de uma moeda forte, vieram os planos de modernização do campo. Talvez um dos mais importantes de todos seja o Moderfrota, que criou linhas de crédito para a modernização das máquinas que trabalham no campo. Com recursos baratos, velhas carroças com mais de 20 anos de uso deram espaço a modernos equipamentos, como a colheitadeira na foto que abre esta matéria.

Máquinas com tecnologia de precisão e GPS se tornaram orgulho nacional e o que era retrógrado hoje se tornou moderno. Como costuma dizer o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, “ser caipira está na moda”. Rodrigues, aliás, acompanhou de perto a revolução levada ao campo brasileiro graças às tecnologias expostas na Agrishow. Ele participou desde as primeiras conversas com o então presidente da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag) até se tornar ministro da Agricultura, quando trouxe o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva para conhecer a pujança do interior. “O Brasil dava saltos extraordinários de produtividade e o presidente Lula fez questão de ir à abertura da Agrishow porque entendia a importância do que aquilo representava para o País”, relembra. Mais tarde, Rodrigues voltou a presidir a feira até se desligar em 2009, quando organizadores ameaçaram mudar o evento para a cidade de São Carlos por causa de problemas com o governo do Estado, dono do recinto que abriga a feira. Por questões legais, não eram possíveis investimentos de infraestrutura como banheiros fixos. Se fossem construídos num ano, seria necessário derrubá-los após a feira. Só em 2010 o problema foi resolvido com a assinatura de um convênio que cedeu a área por 30 anos. “Aquilo foi muito importante porque deu estabilidade ao setor, que não queria que a Agrishow deixasse Ribeirão Preto”, comenta o presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Cesário Ramalho. A SRB, junto com Abimaq e Associação Nacional de Difusão do Adubo (Anda), é sócia no evento.