Como as frequentes alterações climáticas estão

transformando áreas agrícolas de Santa Catarina numa

terra arrasada por catástrofes cada vez mais comuns

Destruição: tempestades destruíram propriedades rurais, no extremo oeste de Santa Catarina

Os ventos parecem não estar a favor de Santa Catarina nos últimos meses e isso não é nenhuma força de expressão.

Após ser acometido por grandes enchentes meses atrás, o Estado viveu dias de horror ao ser atingido por violentos eventos climáticos. Tornados, tempestades e chuvas fortes destruíram boa parta da infraestrutura existente no extremo oeste catarinense.

Segundo o que apurou DINHEIRO RURAL, o Estado também vive uma grave condição de cegueira financeira em que ninguém sabe precisar o volume de recursos destinados à primeira reconstrução, iniciada em meados deste ano, tampouco quanto será necessário para levantar as estruturas derrubadas no mês passado. Ao que se sabe, para curar algumas das feridas recém-abertas, serão necessários mais R$ 210 milhões, isso sem contar os prejuízos privados.

Chuva de prejuizos: com fortes tempestades no sul e aumento de chuva em São Paulo, produtores rurais voltaram a contabilizar perdas

Segundo dados do Ministério da Integração Nacional, foram destinados R$ 126 milhões para a reconstrução do Estado, desde o início do ano. Contudo, a senadora de Santa Catarina, Ideli Salvatti (PT), entregou um documento ao presidente da República no qual afirma que as verbas foram de R$ 2,6 bilhões. Porém, o governo do Estado alega que não viu, sequer, 30% desse montante. Até agora, segundo dados oficiais, entraram apenas R$ 325 milhões. “Esse foi o total recebido, considerando que 50% desses recursos só chegaram aos cofres do estado em julho passado”, afirma o executivo de Articulação Política de Santa Catarina, Humberto Kremer Neto. Ninguém soube informar onde estão os outros R$ 2,2 bilhões.

De acordo com dados da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), essa segunda catástrofe traz piores notícias, se comparada à primeira. No fim de 2008, plantações foram perdidas, mas boa parte da infraestrutura foi preservada. “Galpões, instalações, estradas, tudo foi destruído, além da morte de muitos animais”, lamenta o analista de pesquisa de mercado Ilmar Borchardt. Segundo ele, muitas áreas estão sem estradas, eoutras sem telefone e até sem luz elétrica. Para tentar amenizar a situação, o governo do Estado já solicitou ao governo federal a liberação de R$ 211 milhões. Mas por enquanto apenas R$ 26 milhões foram liberados pelo Ministério da Integração Nacional.

O mau tempo não trouxe problemas apenas aos catarinenses. As chuvas também afetaram as lavouras de canade- açúcar no Estado de São Paulo. De acordo com levantamento da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), sua incidência causou uma queda de 23,8% no volume de cana moída entre agosto e setembro, ante o mesmo período de 2008. Isso porque a cultura necessita de períodos secos para ser colhida. “Com chuva é impossível realizar a colheita porque as máquinas não conseguem entrar. Além disso, a planta volta a vegetar, o que diminui a quantidade de açúcar por tonelada”, revela o diretor técnico da Unica, Antonio Pádua Rodrigues. Essa redução já equivale, em termos de produtos, a uma perda de moagem de 11,67 milhões de toneladas em relação à safra anterior. Isso para um mercado em recuperação também é uma tragédia.