Guatambu é o nome de uma árvore encontrada praticamente em todo o País. Sua principal característica é ser madeira de lei de uso geral, assim como o pinho, sem a sofisticação dos mognos,
dos jacarandás e das imbuias. Pois foi o nome dessa árvore, literalmente pau para toda obra, que o médico veterinário Valter José Pötter escolheu para batizar sua estância, localizada em Dom
Pedrito, município da região da Campanha gaúcha. E não poderia ter escolhido nome melhor. No último meio século, a Estância Guatambu se transformou em uma das mais importantes propriedades gaúchas de melhoramento genético das raças hereford e braford, com um rebanho de 2,5 mil bovinos de seleção, na qual já foram desenvolvidas mais de 40 pesquisas científicas. “Apostar na pesquisa é um jogo de ganha-ganha”, diz Pötter. Pelo segundo ano, a Estância Guatambu é destaque no prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL 2014, na categoria Genética Rebanho Nacional, que reúne os criadores de raças que participam de programas de melhoramento, com exceção do nelore, avaliado em separado. 

Pötter é um incentivador da ciência desde 1971, ano em que deixou a Universidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, com o canudo debaixo do braço para tomar conta da fazenda. Atualmente, do rebanho total, 1,2 mil são animais da raça hereford e 1,3 mil são braford. 

Na Guatambu permanecem apenas as fêmeas que emprenham aos 12 meses, ante a média de 36 meses no País. A prática em emprenhar as novilhas ainda jovens foi incorporada em
meados da década de 1980, após os testes propostos em uma pesquisa de mestrado. “Na época, a pesquisa se tornou um marco para a seleção do rebanho”, afirma o criador. Na pecuária, fêmeas emprenhando mais jovens significa um maior desfrute do rebanho, ou seja, há uma capacidade maior em gerar excedente. “Na última década, o País melhorou muito, saindo de uma taxa média nacional de
desfrute de 20% para 35%”, diz Pötter.

Para o futuro, Pötter aposta na seleção e pesquisas que busquem por animais mais resistentes às doenças. Atualmente, a Guatambu está envolvida com pesquisas que selecionam animais resistentes à tristeza parasitária, transmitida pelo carrapato e a ceratoconjutivite, doença ocular prejudicial aos bovinos. O trabalho é executado em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a Embrapa, a Conexão Delta  G, e a consultoria Gensys.