Poucas empresas estão tão presentes na rotina dos brasileiros quanto a Klabin. Todos os dias, milhões de pessoas manuseiam embalagens, papéis e cartões fabricados pela companhia. No supermercado, provavelmente um produto feito pela Klabin protege os alimentos dispostos nas prateleiras. Na loja de eletrônicos, o material que embrulha o aparelho que o cliente acabou de comprar deve ter saído de uma de suas quinze unidades industriais espalhadas por sete Estados brasileiros. Com uma presença tão assídua, a Klabin costuma sentir imediatamente os impactos de qualquer salto econômico – para o bem e para o mal. Quando as finanças do Brasil avançam, o balanço dessa gigante apresenta resultados consistentes. Quando o contrário acontece – como agora, com os indicadores negativos do País inundando o noticiário –, a Klabin está sujeita a algum revés.

Nos últimos dois anos, porém, foi diferente. Em um cenário de crise econômica profunda, são raras as empresas brasileiras que têm motivos para comemorar. A Klabin é uma delas. Como se deu o milagre? “Fizemos alguns ajustes para contornar os problemas do mercado interno”, diz o presidente da empresa, Fábio Schvartsman. Os problemas não só foram contornados como acabaram revertidos em sólidos resultados financeiros, o que levou a Klabin a se tornar a campeã de PAPEL, CELULOSE E REFLORESTAMENTO no prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL 2015.

Segundo Schvartsman, a saída encontrada foi otimizar a linha de produção, adaptando-a de acordo com a demanda. Se o mercado estava mais interessado em um determinado tipo de papel, a linha era ajustada para se enquadrar no que o cliente queria. Assim, a empresa reduzia estoques e estava pronta para acompanhar as tendências do mercado. Outra medida destacada por Schvartsman foi buscar novas frentes de negócios no Exterior. Se há uma década as exportações correspondiam a pouco mais de 20% do volume de vendas da Klabin, hoje em dia o percentual está acima de 30%.

Esses fatores contribuíram para que a Klabin aumentasse a produção e a venda de papel e celulose, consolidando sua liderança em diversas áreas de negócios (no setor de papel, comanda com folga o mercado há muitos anos). Em 2014, as receitas líquidas da companhia totalizaram R$ 4,8 bilhões, uma alta expressiva (principalmente em tempos de crise) de 6,3% frente o ano anterior. Ao mesmo tempo, a Klabin reduziu o custo de bens e serviços vendidos de um ano para outro em 7,7%, para R$ 2,6 bilhões. A redução de custos é vital para melhorar a competitividade e tem sido um dos motes da gestão de Schvartsman nos últimos anos. Um indicador em especial tem sido motivo de orgulho para o executivo. No final de 2014, a empresa registrou o 14º trimestre consecutivo de crescimento da geração operacional de caixa, um feito raro em um País com tanta instabilidade econômica como o Brasil. Em 2015, a empresa continuou colecionando resultados positivos. De julho a setembro, a receita líquida avançou 13% na comparação anual, o que se deve à melhoria do mix de vendas. 

O mercado brasileiro de celulose passa por um período de expansão. De janeiro a agosto de 2015, o volume de exportações cresceu 8,6% em relação ao mesmo período do ano passado, totalizando 7,5 milhões de toneladas embarcadas. No segmento de painéis de madeira, a performance foi ainda melhor, com um crescimento recorde de 37%. O desempenho mais tímido ficou com a área de papéis, que progrediu 6,1%. Em valores monetários, as receitas conjuntas (incluindo celulose, painéis de madeira e papel) com as exportações foram de US$ 5 bilhões, o que representa um ligeiro acréscimo de 2,3% sobre os oito primeiros meses do ano passado. Apesar da crise doméstica, a produção de celulose cresceu 5,1% de janeiro a agosto, enquanto o volume de papel fabricado no País se manteve estável em cerca de sete milhões de toneladas.