De tempos em tempos, o setor de lácteos vive ciclos de alta e de baixa. Apesar do sobe e desce no consumo, a oferta de leite e derivados não para de crescer no País. Nos últimos dez anos, os laticínios aumentaram a produção em quase 60%, desempenho que elevou o Brasil à terceira posição no ranking mundial. Neste ano, a pecuária leiteira nacional produzirá 32,5 bilhões de litros, um aumento de 4% na comparação com 2012, que consolidará um longo ciclo de expansão da indústria de laticínios. Na última década, o consumo per capita de leite passou de 98 para 170 litros por ano, impulsionado pelo aumento das compras das famílias.

É de olho no potencial de crescimento desse mercado que os irmãos goianos César e Marcos Helou, do Laticínio Bela Vista, sediado no município goiano homônimo e dono da marca Piracanjuba, investiram R$ 100 milhões nas linhas de produção neste ano. “O Brasil já é um bom consumidor de leite, mas não há dúvida que vai consumir cada vez mais ao longo dos próximos anos”, diz César. “Estamos atentos a isso.”

A empresa, campeã do setor de laticínios do ranking AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL, vai inaugurar na fábrica de Bela Vista, em janeiro, uma nova área para o preparo de produtos especiais, como a linha de bebida láctea com quinoa e linhaça, além de leite longa vida sem lactose. A unidade instalada no município de Maravilha, em Santa Catarina, que atende à demanda das regiões Sul e Sudeste, vai produzir mais leite condensado. Atualmente, essa fábrica processa 400 mil litros de leite por dia, de uma capacidade instalada de 450 mil litros. A partir de abril de 2014, a capacidade da fábrica passará para 1 milhão de litros de leite por dia. “A ideia é ampliar a produção aos poucos, por ano, até atendermos todo o País”, diz César. Juntas, as duas fábricas processam diariamente 2,4 milhões de litros de leite. Isso representa um crescimento de 30% neste ano em comparação a 2012. E não foi apenas a produção do laticínio que aumentou. Segundo César, o faturamento está mais encorpado. Em 2013, a empresa deverá registrar um faturamento de R$ 1,7 bilhão, 55% superior ao de 2012.

O investimento de R$ 100 milhões planejado pela companhia engloba ainda a construção de uma nova fábrica em Governador Valadares, interior de Minas Gerais. Sua inauguração está prevista também para abril do ano que vem. Os investimentos, de acordo com César, não vão parar por aí. Após a inauguração da fábrica mineira, os irmãos planejam a construção de outra unidade no Norte ou Nordeste. “Temos essa intenção, mas ainda estamos avaliando oportunidades.”

A prosperidade do laticínio é, segundo os irmãos Helou, uma questão de honra. Eles herdaram a empresa do pai, Saladi, morto em  1985, numa época em que a Bela Vista estava à beira da falência. Na década de 1980, a empresa processava apenas 2 mil litros de leite  por dia. Hoje, é o quinto maior laticínio do País, o maior fabricante de creme de leite, o quarto em leite condensado e em bebida láctea, além de estar entre as cinco maiores do País na produção de leite em pó e queijos.

A marca Piracanjuba foi premiada recentemente com o Fi Excellence Awards, considerado o Oscar da indústria alimentícia, com os produtos Piracanjuba Zero Lactose e Piracanjuba Quinoa e Linhaça. O portfólio do laticínio conta com 80 produtos, entre leite longa vida, leite em pó, creme de leite, bebida láctea UHT, leite condensado, composto lácteo, além de queijos e manteigas. “Em 2014, o mercado vai conhecer mais a Piracanjuba”, diz César.