Foi-se o tempo em que móvel de madeira significava desmatamento de florestas nativas. Com o eucalipto, largamente utilizado pela indústria madeireira, o setor tornou-se um símbolo de sustentabilidade. Isso porque essa espécie de árvore é plantada e colhida a cada seis anos, num ciclo sem-fim. Uma das maiores empresas do segmento é a Duraflora, divisão de negócios de reflorestamento da Duratex, gigante brasileira do setor de painéis de madeira reconstituída – popularmente conhecidos como MDF, MDP e aglomerado. A Duraflora possui uma área de 163 mil hectares de florestas plantadas, onde há mais de 260 milhões de árvores. Toda essa matéria-prima, depois de processada, vira painéis que se transformarão em móveis, pisos laminados, rodapés, além de uma infinidade de usos na construção civil. “O trabalho de produção de eucalipto é muito importante para a companhia”, diz Antonio Joaquim de Oliveira, presidente da Duraflora.

A empresa, que foi a campeã do ranking setorial na categoria Reflorestamento de AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL, produziu um total de 6 milhões de metros cúbicos de madeira no ano passado e teve um faturamento de R$ 355 milhões, um crescimento de mais de 20% em comparação ao resultado de R$ 288 milhões no ano anterior. Além de suprir a demanda de 4,3 milhões de metros cúbicos da Duratex, que produz pisos laminados, a Duraflora vendeu ao mercado um total de 1,7 milhão de metros cúbicos. “Temos uma performance acima da média do setor e com bastante investimento em pesquisa e planejamento”, diz Oliveira.

Nos últimos anos, a indústria florestal tem sido alavancada por dois mercados em franca expansão: a construção civil e o setor moveleiro. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Painéis de Madeira (Abipa), o consumo de madeira aumentou em 10% no ano passado, para 7,2 milhões de metros cúbicos. Para este ano, estima-se um avanço de 5%. Segundo o presidente da entidade, Alexandre Coelho, o setor faturou R$ 6,4 bilhões no ano passado, crescimento puxado pelo fortalecimento da classe C e pela redução dos impostos para os móveis. “Havia uma grande demanda reprimida”, diz Coelho. “O maior poder de compra e linhas de financiamento estimularam as compras.”

O diretor florestal da Duratex, José Ricardo Ferraz, responsável pelas operações da Duraflora, conta que a divisão já vinha se preparando há anos para esse cenário positivo. O investimento mais recente em terras foi em 2010, com a aquisição de cerca de 8 mil hectares em São Paulo. Agora, os investimentos vão se concentrar em pesquisa. Somente em 2012, foram R$ 8,7 milhões em recursos com esse propósito. “Estamos investindo fortemente na multiplicação da oferta de material genético, com foco no melhor desempenho industrial”, diz Ferraz. A Duraflora tem uma produtividade média de 52 metros cúbicos de eucalipto por hectare ao ano e tem registrado um aumento de densidade dessa matéria-prima – ou seja, mais peso com a mesma quantidade de madeira. Hoje, são 440 quilogramas de madeira com casca por metro cúbico, número que deve alcançar 500 quilogramas nos próximos anos. Além disso, a empresa está desenvolvendo um sistema de plantio mecanizado. “Investimos sempre em novos modelos de manejo, nutrição e conservação do solo”, afirma Ferraz. “Os nossos resultados estão atrelados às boas práticas de sustentabilidade”