Negócio: Marchesi vendeu sua empresa e ainda continua presidente

Aos 40 anos, o executivo Eduardo Marchesi de Amorim é a segunda geração de sua família a administrar a Fri-Ribe, empresa de nutrição animal fundada na década de 1970 em Ribeirão Preto, no interior paulista. Filho do sócio-fundador Álvaro Amorim, ele nasceu no mesmo período em que a companhia dava seus primeiros passos. Os anos passaram, a empresa cresceu e alcançou um faturamento de R$ 143 milhões ao ano, tendo como carro-chefe a linha de alimentos para bovinos. Agora, a companhia quer continuar sua missão de matar a fome dos rebanhos brasileiros, mas para isso cedeu ao apetite de uma gigante global pouco conhecida no Brasil, a Nutreco, cujo faturamento chega a R$ 11 bilhões. Tal número é equivalente a todo o mercado brasileiro, um dos maiores do mundo. Holandesa de origem e com operações em 30 países, ela comprou 51% da Fri- Ribe para a formação de uma joint venture que levará o nome de ambas as companhias: Nutreco Fri-Ribe. O valor da negociação não é revelado. E o mais interessante é que Amorim vai continuar à frente dos negócios e terá uma missão para lá de dura. “Nosso plano é estar entre as duas maiores empresas do setor em dez anos.” De olho nos mercados brasileiro e chinês, o grupo holandês há dez anos buscava um candidato à fusão por aqui. Alex Lopes da Silva, consultor da Scot Consultoria, explica que esse tipo de negociação é uma maneira eficaz de as empresas ganharem novos mercados de forma mais rápida. “Foi-se o tempo em que só as empresas que estavam mal de saúde financeira eram adquiridas. Num mercado promissor como o brasileiro, existem bons parceiros para se associar.”

De acordo com Amorim, a nova parceria tem tudo para dar certo, já que os perfis das companhias se complementam. “Eles são bastante inovadores e nós conhecemos bem o mercado nacional.” Preparados para ganhar mais espaço por aqui, os executivos já arregaçam as mangas para entrar na briga com grupos como Evialis, que fatura US$ 1 bilhão, Tortuga, cerca de R$ 725 milhões, e Guabi, em torno de R$ 470 milhões, em um setor que movimenta R$ 16 bilhões ao ano só no Brasil. Por isso, conhecimento de mercado é um dos pontos-chave para a operação da holandesa, já que, segundo Ariovaldo Zani, vice-presidente do Sindirações, a relação entre o produtor brasileiro e as empresas é fortemente baseada na confiança. “Nada melhor para a Nutreco do que a parceria com uma empresa tradicional no Brasil como a Fri-Ribe.”

Com a fusão, a Nutreco trará para cá todo o potencial tecnológico para incrementar a produção, gerar sinergias e ganhar eficiência. Para receber os novos equipamentos e ampliar a produção, as unidades da Fri-Ribe em São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Ceará e Piauí terão novos investimentos. Outra unidade deverá ser construída, mas o local não está definido. “Ainda estamos estudando o local e as estratégias operacionais”, explica Amorim. “É bom para a economia, porque o País ganha maior poder de barganha no mercado externo, com empresas mais fortes.” É justamente o caso da Nutreco Fri- Ribe. “A joint venture veio para somar forças para as duas empresas, dividirmos os custos e potencializarmos os ganhos. Unimos o útil ao agradável”, diz Amorim.