O canadense Cirque Du Soleil recriou, há 31 anos, o conceito de circo e hoje é referência mundial nessa arte, com receitas anuais que chegam a US$ 850 milhões. A americana Starbucks, há 44 anos transformou o jeito das pessoas tomarem café e hoje é dona de um império de 21 mil lojas que, no ano passado, faturaram US$ 4,8 bilhões, em 66 países. Para conquistar seguidores, essas empresas acreditaram em negócios nos quais foi possível criar nichos de mercado, tomando para si a liderança em cada um deles. Assim como elas, uma empresa do agronegócio brasileiro também dá os primeiros passos nessa mesma linha. Trata-se da americana Phibro Saúde Animal, indústria de aditivos alimentares e minerais, destinados à nutrição de bovinos, aves, suínos e peixes. A Phibro Saúde Animal, que se instalou no País há 15 anos, encontrou um nicho próprio de mercado ao expandir para a pecuária bovina as vendas de uma molécula exclusiva da companhia, que antes era destinada apenas a suínos e aves. O negócio foi tão importante para a empresa que sanou de vez a complicada situação financeira de sua operação brasileira. “Até 2010, a companhia registrava um saldo deficitário no Brasil”, diz o médico veterinário Stefan Mihailov, presidente da Phibro Saúde Animal, no País. “Hoje, somos a segunda maior operação da empresa no mundo, logo após os Estados Unidos”. Com sede global em Teaneck, no Estado de Nova Jersey, e com presença em mais de 13 países, em 2014, a Phibro faturou US$ 749 milhões, valor equivalente a R$ 2 bilhões. Enquanto isso, a sua subsidiária brasileira faturou R$ 277,4 milhões, desempenho 7% superior ao obtido em 2013.

Com o bom resultado em 2014, e pela refinada gestão de seu negócio, a Phibro Saúde Animal ficou em primeiro lugar na categoria AGRONEGÓCIO DIRETO – MÉDIAS EMPRESAS, no prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL 2015.  Ela também foi a campeã em GESTÃO FINANCEIRA e destaque no setor NUTRIÇÃO ANIMAL (leia mais na página 146). A fórmula de sucesso da Phibro a fez abocanhar uma participação de 0,6% do mercado de alimentação animal no Brasil, um setor que movimentou R$ 48,5 bilhões, em 2014, de acordo com o Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações). “O aumento de nossa participação se deu, especialmente, por posicionarmos produtos que não têm concorrência no mercado”, diz Mihailov. Desde 2013, a empresa tem estimulado os criadores de aves, suínos e bovinos a demandar pelo uso virginiamicina em produtos destinados à engorda dos animais. Como a Phibro serve exclusivamente o setor industrial de nutrição animal, suas vendas são impulsionadas por agroindústrias integradoras fortes em aves e suínos, como a Seara, que pertence à JBS; Sadia e Perdigão, da BRF; além de grandes cooperativas, como a catarinense Aurora e a paranaense Comigo. No caso de bovinos, a Phibro procura influenciar gigantes produtoras de rações, entre elas a holandesa DSM Tortuga e a brasileira de sangue libanês M. Cassab. “Além da presença de peso junto a essas indústrias, hoje temos um número maior de empresas atendidas”, diz Mihailov. Atualmente, 220 empresas utilizam os produtos da Phibro no País, 80% a mais que em 2013.

FLORESTAS – Com foco no consumidor, a veterana  Duratex, fundada na década de 1950, é o destaque em GESTÃO CORPORATIVA dentre as médias empresas. Controlada pela Itaúsa e pela Companhia Ligna de Investimentos, a Duratex faturou R$ 4,0 bilhões, em 2014, um desempenho 2,9% superior ao de 2013, ano em que a receita foi de R$ 3,9 bilhões. Com negócios na produção de painéis de madeira industrializada, pisos, louças e metais sanitários, o braço agrícola da companhia, a Duratex Florestal, possui 269 mil hectares de florestas plantadas, espalhados no Brasil e na Colômbia. A produção anual é de 7,2 milhões de metros cúbicos de madeira, a maior parte de eucalipto, com uma pequena participação de pinus.
Para o engenheiro florestal Antonio Joaquim de Oliveira, presidente da empresa, a Duratex tem duas divisões bem distintas: uma para a madeira e outra para os demais produtos. A companhia foi uma das primeiras do País a abrir o capital na Bovespa, o que mudou sua cultura corporativa. “Isso trouxe uma governança muito forte para dentro da empresa, uma vez que ela passou a prestar contas de tudo o que fazia”, afirma Oliveira. A Duratex também estabeleceu como meta ser a maior do Brasil em seu setor e hoje está entre as grandes multinacionais do segmento. “Para nós, era claro, desde o início, que só teríamos êxito se dominássemos a fibra, ou seja, era preciso controlar a matéria-prima.”  Por isso, a compra de fazendas, o plantio das árvores e a construção de fábricas sempre fizeram parte de um pacote na gestão do negócio.


POTENCIAL DE GIGANTE: os planos do presidente da Duratex, Antonio Joaquim de Oliveira, é fazer com que a companhia seja a maior do Brasil em seu setor, para isso, a empresa tem investido no controle de sua matéria-prima através de aquisições de fazendas, plantio de árvores e fábricas

Para isso, a Duratex engajou a equipe de 11 mil funcionários em um projeto de negócio sustentável. Em 2014, ela foi listada, pelo terceiro ano seguido, no Índice de Sustentabilidade de Mercados Emergentes da Dow Jones (DJSI, na sigla em inglês). Para o engenheiro florestal José Ricardo Ferraz, diretor da Divisão de Madeiras da empresa, as políticas de carreira fazem a diferença. “Há investimentos até nos níveis operacionais”, diz Ferraz. Com cerca de cinco mil funcionários na área florestal, a Duratex também investiu R$ 38,3 milhões na aquisição de novos equipamentos e em projetos de capacitação de pessoal, desde 2014. “É assim que crescemos, planejando no longo prazo e executando”, diz Oliveira. “Em geral, a plantação chega cinco ou seis anos antes da construção de uma fábrica. Então, antes de tudo somos agricultores de árvores.”

Em 2014, a empresa investiu R$ 650 milhões para melhorar o seu desempenho no setor. O maior aporte, de R$ 148,2 milhões, foi realizado para aumentar a participação na colombiana Tablemac. No Brasil, o investimento de maior peso foi a compra dos ativos florestais da Caxuana, de Uberaba (MG), equivalentes a cerca de 30 mil hectares de eucalipto, por R$ 58,5 milhões.