Poucos apostariam que a partir de uma modesta padaria na capital cearense, Fortaleza, aberta em 1936, a família Dias Branco construiria um império na indústria de alimentos. Hoje, o grupo M. Dias Branco comanda uma gigante no setor de biscoitos e massas, com 14 unidades industriais, vendas que passam de 1,5 milhão de toneladas por ano e faturamento de R$ 3,5 bilhões por ano. Atualmente, 28% de toda a massa consumida no País é produzida pela companhia, eleita a campeã do setor Moinhos, Massas e Pães do ranking AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL. Agora, com missão cumprida no mercado doméstico, a M. Dias Branco começa a preparar os ingredientes de internacionalização. “Estamos iniciando estudos de novos mercados, focados em países da América Latina e da África”, diz Ivens Dias Branco, presidente do grupo. “Vamos começar ampliando as exportações, que hoje representam menos de 1% da receita.”

A empresa, detentora de 17 marcas, entre elas a do tradicional macarrão Adria, está sondando mercados como Chile, Colômbia, Peru, Gana, África do Sul e Angola. O interesse faz todo sentido. Segundo Claudio Zanão, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Massas Alimentícias, Pão e Bolo Industrializados (Abima), o consumo per capta de massas em outros países da América Latina é maior do que o do Brasil, que está na casa dos 6,2 quilos. “A Venezuela é o segundo país que mais consome massa no mundo, com 12,3 quilos ao ano por habitante”, diz Zanão. A Itália é o país que mais consome massas  no mundo, com 28 quilos per capta e produção de 3,2 milhões de toneladas por ano, à frente dos Estados Unidos. O Brasil é o terceiro maior produtor mundial do produto, com 1,3 milhão de toneladas anuais.

Embora seja uma potência em massas, a maior parte do faturamento da M. Dias Branco é proveniente da venda de biscoitos, divisão que responde por 54% da receita do grupo. Para se manter na liderança dos dois mercados, Ivens diz que a companhia adotou como estratégia, desde 2003, investir maciçamente em modernização, ampliação e, principalmente, na aquisição de novas unidades e empresas. Na última década, foram feitas cinco aquisições. A mais recente, no mês passado, foi a do Moinho Santa Lúcia, do Ceará, dona da marca de massas Predilleto, que custou R$ 90 milhões. “Estamos investindo fortemente na ampliação das unidades de produção no Brasil porque queremos aumentar ainda mais a nossa participação de mercado”, diz Ivens.

A M. Dias Branco também está implantando três novos moinhos, um no Ceará, um em Pernambuco e outro no Rio Grande do Sul. Ao todo, a companhia já investiu R$ 194 milhões neste ano, 65% a mais que os R$ 117 milhões em todo o ano passado. “Queremos inaugurá-los entre o segundo semestre de 2015 e os primeiros meses de 2016”, diz Ivens. “Também estamos construindo unidades para fabricação de torradas e mistura para bolos.”

Outra mudança na companhia acontecerá na diretoria. Ivens Dias Branco, que acumulava a função de presidente do conselho e diretor-presidente da companhia, deixará o cargo executivo nas mãos de seu filho, Ivens Dias Branco Júnior, que assumirá a função a partir de maio do ano que vem. Ivens Júnior, que tem 53 anos, trabalha na empresa desde os 16 anos de idade. Passando sua receita de geração a geração, as fornadas de sucesso da M. Dias Branco estarão garantidas.