Em meio à escalada de preços dos fertilizantes, o governo brasileiro, tomador de preços no mercado mundial, tenta encontrar saídas. A produção nacional, mesmo se duplicada, pouco efeito faria sobre os preços. Mas, mesmo assim, alguns movimentos estão acontecendo no setor. A saída mais viável até o momento seria uma ação conjunta entre Petrobras e Vale, que poderiam ter negócios comuns no setor de fertilizantes. Em reunião ocorrida na segunda quinzena de junho, a diretoria da mineradora chegou à conclusão de que nenhuma mudança significativa será percebida antes de 2010. Nessa época ficará pronta uma nova planta da mineradora no Peru. Mas, por outro lado, a demanda é garantida, porque o consumo pode aumentar em até 25% até 2012.

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A fim de dar uma resposta à grande demanda por adubos, o diretor-executivo da Vale, Tito Martins, disse que a empresa estuda incrementar a produção em minas ociosas. “Vamos acelerar a expansão em Sergipe em minas que não estavam funcionando, se der para acelerar no Peru, também vamos fazê-lo”, diz. Segundo ele, ainda há a possibilidade de exploração de uma mina em Neuquén, na Argentina. O caso mais crítico diz respeito aos adubos nitrogenados, dos quais o Brasil importa 91% de tudo o que consome. Mas, como esses produtos são feitos a base de gás, com a entrada em operação da bacia de Santos, o País passará a ter condições de se tornar auto-suficiente. Essa, portanto, seria a maior contribuição da Petrobras às causas do campo.

” A demanda brasileira é baixa se comparada aos líderes de consumo “

ADALGISIO TELLES: diretor-corporativo da Bunge”

Sem soluções no curto prazo, a pergunta que fazendeiros por todo o Brasil fazem é: “o que fazer agora?”. Num primeiro momento, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, levantou a hipótese de nacionalizar as minas brasileiras para tentar reverter o problema. Contudo, segundo fontes de mercado, isso não resolveria a questão, em função de um déficit de 24 milhões de toneladas de fertilizantes ao ano. Para André Pessôa, da Agroconsult, uma redução do ICMS poderia amenizar o problema. “Não resolve a questão, mas poderia ajudar”, diz. De acordo com o diretor- corporativo da Bunge Fertilizantes, Adalgisio Telles, o Brasil terá difilcudades para se livrar do problema. Embora o País seja um grande produtor agrícola, o consumo brasileiro não influencia no mercado internacional. “O Brasil responde por 6% do consumo mundial”, diz. China, Índia e Estados Unidos representam 30%,13% e 12%, respectivamente.

Telles comenta que mesmo para as empresas da iniciativa privada, os custos são altos. “Para que seja possível produzir uma tonelada do composto NPK, são necessários investimentos de US$ 1,5 bilhão”, diz. Para o executivo, são necessários de três a quatro anos para que se tenha o retorno do capital. Tempo demais para um país que não pode esperar para crescer.