O GELO A SER DERRETIDO NOS ESTADOS UNIDOS

Não é o frio do inverno que tem congelado a indústria do etanol americano e sim a baixa do barril do petróleo, que despencou nos últimos meses. Os investimentos naquele país simplesmente pararam, até que os biocombustíveis se tornem novamente viáveis, o que não se sabe exatamente quando vai acontecer. Nesse intervalo de tempo, aquele país terá uma complicada equação para resolver. Um ano atrás, o Congresso americano sancionou a lei de energia para estimular iniciativas capazes de transformar plantas em biocombustíveis. Metas foram impostas principalmente ao setor automotivo, enquanto usinas que produziam o etanol de milho literalmente pipocavam no Meio- Oeste estadunidense. Hoje, no entanto, a realidade é outra. Grandes players do mercado fecham unidades e adiam ou cancelam planos de investimento. Tudo porque, mesmo com a baixa do petróleo, o consumo de combustíveis cai diante da crise econômica e não há como expandir a mistura de etanol na gasolina num curto espaço de tempo. Exemplo de problemas está com a VeraSun Energy, uma das maiores empresas de etanol do Estados Unidos. A empresa suspendeu a produção em 12 de 16 usinas e pretende vender parte de seus ativos. O problema é que no momento não há quem pense em investir no etanol na terra do Tio Sam.

Outras três grandes empresas, Renew Energy, Cascade Grain Products e Northeast Biofuels, pediram proteção contra falência, diante dos péssimos resultados desde a quebra do banco Lehman Brothers, em 15 de setembro. Outra gigante, a Pacific Ethanol anunciou a suspensão dos trabalhos em uma das unidades na Califórnia. O presidente da Associação Americana de Combustíveis Renováveis, Bob Dinneen, declarou que das 180 usinas existentes em todo o país 24 fecharam suas portas apenas nos últimos quatro meses. Em termos de volumes, isso retira algo em torno de 12,5 bilhões de galões, aproximadamente 46 milhões de litros ao ano em capacidade de produção. “Não chegamos a produzir esse volume, nessas unidades, mas com certeza lamentamos o fato de não contar mais com essa estrutura de forma ativa”, disse.

A preocupação com o futuro da indústria do álcool chegou ao Congresso americano. Após o governo perceber que as metas de mistura de etanol à gasolina não seriam alcançadas, novos números são repensados. Segundo o senador Jeff Bingaman, do Novo México, presidente do Comitê de Recursos Naturais e Energia do Senado, é provável que um plano de emergência seja lançado. Inicialmente, o programa de expansão do combustível limpo tinha como principal meta reduzir drasticamente a emissão de carbono, com o objetivo de a indústria produzir 370 milhões de litros de biocombustíves neste ano, chegando à meta de 925 milhões de litros em 2011. Caso a indústria do etanol americano emperre, o Brasil espera por uma oportunidade de exportar para aquele mercado.