Quem passa pelo município de Patrocínio Paulista, a 413 quilômetros de São Paulo, não imagina que ali na entrada da cidade está a sede de um dos principais laticínios do Brasil. Já consolidada no interior paulista, mas pouco conhecida nos demais Estados, a Laticínios Jussara vem crescendo cerca de 30% nos últimos 15 anos, segundo Odorico Barbosa, sócio-proprietário da empresa e um dos seis filhos do fundador, o médico Amélio Rosa Barbosa. “Estimamos que nossa receita alcance os R$ 380 milhões neste ano, 15% a mais do que os R$ 330 milhões de 2009”, calcula o empresário. A estratégia para manter esse crescimento é simples. Em vez de bater de frente com as gigantes do setor, eles se consolidaram longe das grandes redes de varejo, conquistando a preferência de consumidores no interior paulista. “Nosso foco está no pequeno e médio varejo, foi assim que crescemos”, explica o executivo.

E como cresceram. Neste ano, a empresa inaugurou sua terceira unidade láctea, uma fábrica em Araxá (MG), resultado da aquisição da Laticínios Letícia. A compra favoreceu a marca a abrir novos caminhos e chegar também ao Estado mineiro, ao Rio de Janeiro e à região Centro-Oeste.

A todo vapor: a empresa fechará 2010 com faturamento de R$ 380 milhões e captação de 1,2 milhão de litros diários

Com isso a Jussara deve fechar o ano com capacidade total de 1,2 milhão de litros ao dia, número que deve chegar a 1,4 milhão em 2011. A nova instalação recebeu investimentos de R$ 32 milhões e na primeira fase terá capacidade para processar 200 mil litros de leite por dia. “Lá produziremos o leite longa-vida, o leite condensado e o requeijão, dois produtos que lançaremos em 2011”, adianta o executivo. Para 2012, a empresa planeja lançar uma linha de iogurtes, aumentando ainda mais o leque de produtos no mercado, que hoje já ultrapassa os 30 itens, entre leite pasteurizado, longa-vida, premium, manteigas, bebidas à base de soja, achocolatados, queijos e creme de leite. “Mas nosso carro-chefe continua sendo o leite longa-vida”, explica Barbosa. E não é por acaso. Cerca de 70% do total da receita da empresa tem origem na venda do longa-vida, um mercado que vem crescendo em todo o País. “Já nos recuperamos da crise e agora a estimativa é crescer 5% neste ano e alcançarmos os 5,5 bilhões de litros de leite longa-vida” explica Nilson Batista Muniz, diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Leite Longa-vida (ABLV).

“Nosso foco está no pequeno e médio varejo, foi assim que crescemos”

Odorico Barbosa, sócio-proprietário do Laticínios Jussara

Em meio a tantas conquistas, a Laticínios Jussara prioriza o cuidado com a matéria-prima por meio de apoio e incentivo aos 1.800 produtores que fornecem o leite à empresa. “Temos parcerias com a Embrapa e com o Sebrae para auxílio aos fornecedores”, explica Barbosa. Entre eles Marcelino dos Reis Leite, um pequeno produtor que está investindo na modernização do seu negócio. Para isso, vendeu quase todos os animais, investiu em novilhas melhores e hoje repassa 60 litros ao dia para a empresa. “Estamos melhorando nossa qualidade de produção aos poucos”, conta ele, que recebe em média R$ 0,78 por cada litro. Na mesma região, “no quintal da Jussara”, está a propriedade de João Batista Toloi. Ele diz que revende 792 litros por dia para a empresa, ou seja, uma média de 24 litros por vaca. “Estamos satisfeitos com a parceria”, relata.

O crescimento da Jussara veio, em parte, com a aproximação de seus consumidores. Tanto que apenas 0,6% de sua receita total, cerca de R$ 2 milhões, é investido em publicidade. “Nossa principal propaganda é a vaquinha que estampa as embalagens”, explica Barbosa. Uma quantia modesta para uma empresa que tem grandes planos de expansão. Para Muniz, há espaço nos mercados regionais, já que o setor é bastante pulverizado. “Temos cerca de 90 marcas de leite longa-vida disputando um espaço simultaneamente no País”, contabiliza. Bom para a Jussara, que deseja colocar sua marca entre as preferidas nas prateleiras de todo o País.