Enquanto a cadeia da laranja tenta se livrar de uma crise que parece sem fim, importantes projetos, que poderiam trazer alívio ao setor, continuam parados. O ano de 2012 certamente não deixou saudades. Segundo dados da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), cerca de 30 milhões de caixas de laranja ficaram sem comprador na temporada passada e simplesmente apodreceram. Demanda mundial em queda e oferta excessiva de fruta por duas safras seguidas fizeram a capacidade instalada das indústrias chegar perto do limite. Sem onde poder guardar suco, muita fruta deixou de ser processada. Para 2013, a perspectiva é que a tragédia do ano passado não se repita. Mas uma coisa é certa: o ano ainda será difícil para o citricultor.

Em dezembro do ano passado, os estoques industriais de suco bateram em 1,144 milhão de toneladas, segundo auditoria realizada pela PriceWaterHouseCoopers. Para que se tenha ideia do que isso significa, em 2012 as exportações, que representam 98% do negócio dessas empresas, foram de 1,09 milhão de toneladas – segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio. Ou seja, 2013 entrou com mais de um ano de vendas guardado nos tanques. A boa notícia é que a safra este ano será pelo menos 22% menor do que a do ano passado, com 281 milhões de caixas. Segundo o professor Marcos Fava Neves, titular do departamento de administração e economia da FEA/USP em Ribeirão Preto, uma das saídas seria a criação de um grande conselho entre indústrias e produtores, batizado de Consecitrus. A ideia seria repetir o modelo adotado pela cana-de-açúcar, que criou o Consecana. No ano passado, a CitrusBR e a Sociedade Rural Brasileira chegaram a assinar a criação do Consecitrus e nomearam o ex-secretário de Agricultura João de Almeida Sampaio, que já cuidava da questão quando no governo, para ser o mediador. Contudo, outras entidades, que também representam os produtores, entraram com uma representação no Conselho Administrativo de Defesa Econômica, tentando anular a iniciativa. “Há entidades que só querem atrapalhar e o produtor, que está desarticulado, é quem mais sofre”, define o presidente da Câmara Brasileira de Citricultura, Marco Antonio dos Santos, produtor de laranja e presidente do sindicato rural de Ibitinga.