O setor sucroalcooleiro brasileiro começa a reencontrar os rumos do crescimento, depois de enfrentar dois anos de crise. Na safra atual (2013/2014), as usinas da região Centro-Sul devem moer 590 milhões de toneladas de cana-de-açúcar até dezembro, um aumento de 10% em relação aos 532 milhões de toneladas do ano passado. Na comparação com a temporada 2010/2011, a maior de todos os tempos, com 556 milhões de toneladas, representará um crescimento de 6%. Além de ampliar o volume de produção, o setor prevê, a partir de 2014, a retomada dos investimentos em canaviais, na construção de novas usinas e na modernização das unidades em operação. Este cenário de recuperação, no entanto, não é uma novidade para a Usina Alto Alegre.

Um dos maiores grupos de capital 100% do País, a Alto Alegre possui três usinas no Paraná e uma em Presidente Prudente, no interior paulista, onde está sediada. Para a empresa, crescer e investir sempre foram regras, mesmo diante de adversidades. “Deixar de investir é um erro que retarda a evolução dos negócios”, diz Antonio Lemes Rigolin, diretor financeiro da Alto Alegre. “Durante a crise, o melhor a fazer é reduzir custos, não cortar investimentos.”

Uma prova de que a Alto Alegre acredita que investir é uma maneira de manter a boa saúde financeira foi vista durante os últimos cinco anos. Nesse período, o grupo promoveu um aporte de R$ 260 milhões, por ano, na modernização e ampliação do parque industrial, em equipamentos agrícolas, no canavial e na aquisição de uma nova unidade no município paranaense de Santo Inácio, inaugurada em 2007. Ao mesmo tempo, a Alto Alegre viu seu faturamento saltar de R$ 750 milhões para pouco mais de R$ 1,4 bilhão por safra, desempenho que garantiu-lhe o primeiro lugar do ranking setorial de Açúcar e Biocombustíveis de AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL. “Passada a crise, todos estão buscando alternativas para ordenar as finanças e voltar a crescer”, diz Rigolin.

De 2005 a 2009, antes da crise internacional, o setor sucroalcooleiro apostou na abertura de mais de 100 usinas na região Centro-Sul, de acordo com dados da União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (Unica). No entanto, mais de 50 usinas já encerraram suas atividades no País após esse período. E qual a razão para isso? Segundo Antonio de Pádua Rodrigues, diretor da Unica, o problema é que, mesmo sem dinheiro em caixa, muitos empresários vislumbraram no setor sucroalcooleiro a oportunidade de um bom negócio e resolveram financiar o valor da construção das usinas, e pagar com o lucro obtido. Mas não pensaram nos riscos de se fazer isso, e nas safras seguintes o clima acabou interferindo nas lavouras, derrubando a produtividade e a competitividade do setor, que se afundou em dívidas. “No nosso setor, ter dinheiro em caixa para eventuais problemas é fundamental”, diz o executivo.

Enquanto muitas usinas ainda lutam para se manter na atividade e colocar as contas em dia, a Alto Alegre está finalizando as obras de modernização da unidade de Florestópolis, no Paraná. Ao todo, a companhia irá investir R$ 350 milhões para elevar a capacidade operacional na unidade, do atual 1,3 milhão de toneladas de cana-deaçúcar por ano, para 3 milhões de toneladas ao fim das obras, previsto para abril. Com isso, o grupo terá capacidade total de processar 13 milhões de toneladas de cana por ano, produzir mais de um milhão de toneladas de açúcar e 280 milhões de litros de etanol. “Não queremos crescer rapidamente. Queremos crescer com sustentabilidade”, diz Rigolin.