Ampliar a área plantada sem comprar novas terras. Esta é a estratégia das grandes empresas para aumentar a matéria-prima na fábrica e, ainda assim, continuar com capital para investir em outros negócios. Por isso a LD Commodities, controlada pelo grupo francês Louis Dreyfus, está ampliando a parceria com os citricultores. Só para se ter uma idéia, em 2004, dos cinco milhões de laranjeiras cultivadas, três milhões eram em áreas próprias. Já para o próximo ano, a projeção é de 13 milhões, mais de oito milhões em terras de terceiros. “Damos preferência a este modelo, pois dá mais fluxo de caixa”, diz Henrique Freitas, diretor-executivo da divisão de citrus da LD Commodities. Na parte de produção, as únicas commodities com que a LD trabalha são cana-de-açúcar e laranja. Nesta última, o objetivo é investir US$ 70 milhões entre 2007 e 2009 para a expansão dos pomares. Para dar este up-grade nas lavouras, a LD está fortalecendo as parcerias com produtores. Há dois formatos: o mais comum é o modelo- padrão, uma espécie de arrendamento por 20 anos, em que a empresa gerencia a propriedade, respondendo por todas as responsabilidades trabalhistas. Em troca, o agricultor, proprietário da terra, fica com 15% da produção da fruta. O outro formato, menos freqüente, são as parcerias em que a administração é conjunta, empresa mais citricultor. Um exemplo do primeiro modelo é a Fazenda São João, no município de Santo Antônio da Alegria. A propriedade de Antônio Sivaldi Roberti é administrada pela LD. São 400 mil pés da laranja e 60 funcionários fixos. Lá, o sistema é cauteloso: os empregados têm uniformes e recebem botinas e equipamentos de proteção individual (EPI). Periodicamente, um funcionário a cavalo inspeciona os pomares para checar se não há sintomas de greening, uma da piores doenças da cultura. Todo cuidado visa garantir a boa qualidade e rastreabilidade da fruta até a chegada na indústria. Este controle minucioso permite saber todo o histórico de um determinado lote de suco. De qual fazenda, qual talhão, em qual caminhão foram transportadas as laranjas que originaram este produto.

ESTRATÉGIA: “A parceria com os produtores é uma forma de aumentar os pomares, sem investir na compra de terras”, diz Freitas

A entrada da LD na citricultura brasileira remete a 1988, quando a empresa comprou uma fábrica, em Matão. Cinco anos mais tarde, adquiriu a Frutesp, em Bebedouro e, há dois anos, arrendou uma terceira unidade em Engenheiro Coelho. O grupo tem ainda duas fábricas no Estado da Flórida, nos EUA. No Brasil, a companhia responde por 14% do mercado brasileiro de suco de laranja. Mundialmente, a percentagem é de 10%. Sua capacidade de processamento anual é de 100 milhões de caixas de laranjas de 40,8 quilos. Só em terras brasileiras, são processados 60 milhões de caixas. Atualmente, 80% da laranja utilizada pela empresa vem de terceiros. Para este ano, a expectativa é fechar as exportações com 210 mil toneladas de suco. Indagado sobre novos investimentos, Freitas não cita números, mas não descarta a possibilidade de novos aportes para melhorias na fábrica de Bebedouro.