População mundial deverá chegar a nove bilhões de habitantes em 2050, segundo estudo da Food and Agriculture Organization (FAO), braço para alimentação da Organização das Nações Unidas (ONU), comandada pelo brasileiro José Graziano da Silva. Até lá, de acordo com as estimativas, as projeções mostram que a demanda por alimentos vai crescer 70%. Quando a questão é quem vai suprir esta demanda, o Brasil se apresenta entre os candidatos. Seu principal trunfo em relação a outros países ainda com áreas agricultáveis, como é o caso da Índia, por exemplo, é contar com um potencial ainda inexplorado de terras e de expansão da sua produção, sem a necessidade de desmatamento de novas áreas. Embalado por esses bons ventos, o País tem demonstrado que a previsão das duas entidades é perfeitamente possível de ser cumprida. Segundo o IBGE, são utilizados somente 65 milhões de hectares para a agricultura, ou 7,6% do território nacional. Há, ainda, 220 milhões de hectares ocupados atualmente por pastagem para a pecuária bovina, dos quais 90 milhões possuem algum grau de degradação e que, por isso, poderiam ser imediatamente recuperados para o plantio de lavouras, sem grandes custos 

No entanto, o setor primário brasileiro ainda tem uma série de desafios não diretamente ligados à atividade agronômica, como plantar e colher. Superá-los será a chave para se atingir patamares mais
altos na produtividade agropecuária e na competitividade do agronegócio. Um desses pontos é a gestão. Por mais que já existam empresas com elevado nível de maturidade gerencial no agronegócio, esse setor da economia ainda é bastante calcado na gestão familiar e carente de profissionalização que leve à adoção de melhorias tecnológicas e ferramentais. A profissionalização do setor ainda passa
pela governança e pela qualificação da mão de obra. É nesse contexto que o País deve promover e mostrar ao mundo a sua capacidade de superação para administrar uma agricultura baseada na sustentabilidade, na sistematização da produção e na distribuição de alimentos. 

Atualmente, as empresas de agroquímicos, sementes e medicamentos veterinários têm, nesse processo, um importante papel na difusão do conhecimento. São os médicos veterinários, os engenheiros agrônomos, zootecnistas e técnicos que trocam informações com o setor, em busca das melhores soluções para os desafios na administração sanitária de lavouras e rebanhos. Com foco nesses princípios, esses profissionais ligados diariamente aos agricultores e pecuaristas vêm promovendo no campo o que os consultores chamam de a quinta onda de evolução do agronegócio.

Para resgatar e entender a história recente do agronegócio, vale registrar que a primeira grande onda de evolução aconteceu nos anos 1980, quando os produtores descobriram a importância do uso da tecnologia no campo. Foi nessa época que a região do Cerrado, em particular no Centro-Oeste, começou a construir sua história como celeiro de alimentos. A segunda grande onda, na década seguinte, se
deu no momento em que o agropecuarista descobriu que era preciso ser um bom vendedor de commodities, e não somente um excelente produtor de grãos, fibra e energia. Foi nos anos 2000 que começou a terceira onda. Nessa época, o setor passou a ver que era preciso ter qualidade de gestão, para não perder oportunidades de negócio. A quarta onda, ainda muito recente, começou por volta de
2012, quando o setor se deu conta de que era preciso pensar dentro das regras de governança. E é nesse processo que está vindo a quinta onda de evolução do agronegócio. O engajamento dos profissionais da área, não mais como vendedores de produtos, mas como agentes de soluções inteligentes e customizadas para grande, médios e pequenos produtores rurais, é um dos fatores que balizam e dão a sustentabilidade necessária para que o setor busque redução de custos na produção, aumento de margens, visão estratégica de longo prazo e profissionalização das atividades para obter competitividade no âmbito nacional e internacional.