PARECE, MAS NÃO É: a mussarela original é feita com leite de búfala, mas há falsificações no mercado

Tida por muitos como iguaria fina, a mussarela de búfala está finalmente caindo no gosto do brasileiro. O consumo per capita por aqui ainda é baixo, é verdade, mas este é um mercado muito promissor, que cresceu nada menos que 30% no ano passado. O sucesso repentino não tem uma explicação lógica, mas pode ser atribuído às vantagens nutricionais do produto em relação aos similares produzidos com leite de vaca. De acordo com Maria Cecília Almeida Prado, uma das maiores fabricantes de queijos de búfala do Brasil, a bubalinocultura está em pleno crescimento no País, mas corre riscos devido à ação de falsificadores.

A explicação é simples: devido ao baixo crescimento do número de búfalas nos últimos anos, a produção de leite cresceu menos de 5% no período e não acompanhou a alta dos subprodutos, gerando um aumento de preços. Hoje, um litro do leite de búfala custa em média um real, ante R$0,65 do leite de vaca, cenário perfeito para os picaretas de plantão. De acordo com a Associação Brasileira de Criadores de Búfalos, existem queijos com mais de 80% de leite convencional em sua composição sendo vendidos como mussarela de búfala. “Tudo o que tem de bom no leite, o da búfala tem mais. O que tem de ruim, há menos. Há mais cálcio, proteína, vitaminas, mas por outro lado, tem menos colesterol. O único problema é que existe muito pouco leite no mercado, e o pouco que tem é bem mais caro. Custa quase o dobro do leite de vaca”, explica a produtora Maria Cecília, que também preside a Associação dos Criadores e uma das idealizadoras do selo de pureza ‘100% Búfalo’, concedido às empresas que trabalham exclusivamente com leite proveniente das bubalinas.

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Apesar do baixo índice de adesões até o momento, as nove empresas certificadas só têm a comemorar. “Os que adotaram o selo de pureza tiveram um crescimento médio de 30% no último ano. O selo te dá um valor agregado muito maior”, continua a empresária, lembrando que a discussão em torno da certificação se arrastou por mais de 15 anos até sua implementação, em 2000. Na Itália, berço da mussarela de búfala, o problema da falsificação também existia, mas foi controlado após introdução de um selo semelhante.

Uma das primeiras a ter o selo de pureza no Brasil, Maria Cecília conta que começou a produzir mussarela por acaso. Há 27 anos, decidiu comprar alguns animais para aproveitar o leite em casa, mas após algum tempo, passou a usar as sobras para fazer queijo. O negócio foi crescendo até que, há 12 anos, decidiu montar um laticínio na fazenda. Hoje, a empresária utiliza todo o leite produzido por seus 380 animais e ainda compra de fornecedores locais para fabricar cerca de 15 toneladas de mussarela por mês. “Mas ainda temos muito espaço para crescer”, completa.