ANDRÉ CARIOBA: investimentos para desenvolver nova colhedora de cana e brigar pela liderança

Assim como outros setores da agropecuária brasileira, o grupo Agco, que engloba 15 marcas, entre elas Valtra e Massey Ferguson, comemora o momento aquecido do setor e colhe os resultados das boas safras. Em 2007, as vendas da empresa cresceram 25%, registrando um faturamento global de US$ 6,8 bilhões. Só no primeiro trimestre deste ano, a empresa registrou ganhos de US$ 1,8 bilhão, 21% a mais do que no mesmo período do ano passado. A grande responsável por esse ritmo de crescimento é a América do Sul, que vem aumentando sua participação no faturamento geral da empresa. Em 2006 representava 12%, em 2007 subiu para 16% e no primeiro trimestre de 2008 alcançou 18%. A América do Norte, seu principal mercado, representa 21%.

Com os resultados positivos, a companhia quer agora avançar sua participação no mercado em que ela vem registrando seus maiores índices de crescimento: o Brasil. Apesar de o País ser ainda o terceiro mercado da empresa, atrás dos Estados Unidos e da Europa, responde por 70% dos negócios na América Latina e soma vendas de aproximadamente US$ 760 milhões.

Por isso o grupo prepara o que espera ser sua grande tacada: a entrada no lucrativo segmento de colhedoras de cana. A disposição é grande. Isso porque a Agco está disposta a brigar com outros pesos-pesados como Case e John Deere, que já atuam nesse segmento. “Estamos desenvolvendo essa máquina para conquistar a liderança do setor. No primeiro ano pretendemos conquistar 25% desse mercado”, avisa o vice-presidente da Agco para a América Latina e o Caribe, André Carioba, que prevê aportes de US$ 150 milhões no Brasil nos próximos três anos para o desenvolvimento da colhedora que deve chegar ao mercado até o início de 2010. “Implantamos no Brasil o Centro de Desenvolvimento para a Cana (CDC), onde a colhedora está sendo desenvolvida com ajuda dos principais clientes, técnicos de usinas e centros de pesquisas. Ela trará um novo conceito para esse tipo de equipamento”, arrisca.

Nem a pressão internacional de alguns órgãos contra os biocombustíveis desanimou a empresa, que avalia não ter dúvidas de que esse será um grande mercado nos próximos anos, com o Brasil como grande player. “O Brasil, ao contrário dos EUA e Europa, está em uma posição privilegiada, pelo potencial de hectares disponíveis”, avalia Carioba.

Enquanto prepara o lançamento da sua colhedora, a Agco terá que lidar com um intrigante problema: o anúncio da nova colhedora despertou uma acirrada disputa interna entre as duas principais marcas do grupo no Brasil, a Valtra e a Massey Fergusson. Nenhuma delas confirma, mas fontes de mercado dizem que nenhuma pretende abrir mão de contar com a colhedora em seu portfólio. Segundo o executivo, ainda não se sabe onde a nova máquina será montada nem sob qual bandeira ela será lançada. “Ainda estamos estudando a melhor alternativa. Podemos expandir algumas de nossas fábricas ou construir uma nova planta”, diz Carioba, que não descarta a criação de uma nova marca. “É uma possibilidade”, conta. Mesmo sem a máquina e pensando na liderança, Carioba disse que a missão é possível. “Estamos investindo muito nesse projeto”, diz. É esperar para ver.