Desde maio do ano passado, quando o produtor Ricardo Tomczyk assumiu a presidência da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), ele tem reunido em torno de si pessoas que possam ajudá-lo a estabelecer algumas linhas de discussão no setor. Entre elas, a principal é o aumento da produtividade das lavouras.

Qual a grande tarefa da Aprosoja-MT hoje?
Há muitas tarefas a serem realizadas na gestão do negócio soja e milho, mas acredito que atualmente a principal delas é discutir o aumento da produtividade das lavouras.

Porque o tema produtividade é tão importante?
Porque a produtividade no campo está estacionada há muito tempo. O Brasil é o País da produção. Ela cresce ano a ano, mas na produtividade da soja estamos parados em três mil quilos por hectare. É preciso ir além. Claro que há produtores cultivando mais, mas essa é a média.

O que tem travado a produtividade das lavouras?
Nós temos tecnologias muito boas, mas elas estão mostrando grandes entraves. No caso do milho, a tecnologia BT está se esgotando, com lagartas atacando a plantação. No caso da soja transgênica, os produtores fazem sucessivos plantios, sem tempo de recuperação do ambiente.Mas as tecnologias, principalmente a transgenia, vieram para ficar certamente, por isso é preciso discutir os seus caminhos. Por exemplo, outros países proíbem o plantio de duas culturas transgênicas na sequência uma da outra. No Brasil, o cultivo é permitido.

A Aprosoja-MT está tomando alguma medida?
Estamos formando um grupo de estudiosos e lideranças para colocar esse tema na mesa. É preciso olhar para o futuro com mais assertividade.

Os quadros que a Aprosoja perdeu recentemente para a política vão fazer falta?
Sim, mas foi um processo natural essa perda de quadros, com a eleição do Carlos Fávaro, nosso ex-presidente da Aprosoja como vice governador do Estado.

A Aprosoja passa a ser governo, de agora para a frente?
Lógico que não. Evidentemente temos muitas afinidades, já que Fávaro é um produtor rural, mas as pautas da Aprosoja serão sempre dela.

Além da produtividade, o que mais tem afetado a sustentabilidade do negócio?
A logística. Claro que ela vem melhorando, mas o Mato Grosso tem gargalos históricos em todos os modais.

O que ajudaria os produtores de Mato Grosso hoje?
Terminar rapidamente o corredor para o Norte. Mas nós temos o maior interesse em que a Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico) saia do papel. A Aprosoja chegou a pagar por revisão de estudos de impacto de sua implantação. É preciso que ela também avance.

A idéia de que dentro da porteira o produtor dá conta do recado está em xeque?
O homem do campo vem dando conta do recado. Mas nós, como produtores, não podemos ter medo de enfrentar os problemas de frente. Discutir a produtividade, fazer mais com menos, brigar por logística, também é buscar pela sustentabilidade econômica do negócio no longo prazo.