A fórmula “20 em 20”, aplicada religiosamente desde 2010, tem feito a Ihara, de Sorocaba, no interior de São Paulo, ganhar projeção no mercado brasileiro de agroquímicos. Os US$ 20 milhões investidos nos últimos cinco anos em inovação criaram uma estrutura de produção e pesquisa que levou a empresa a entrar para o clube das companhias bilionárias em 2013. “A estratégia foi se aproximar do produtor, e isso repercutiu nos resultados e no crescimento consistente da empresa”, diz José Gonçalves do Amaral, diretor-superintendente da Ihara. No ano passado, a receita chegou a R$ 1 bilhão, um crescimento de 21% sobre os R$ 822 milhões registrados em 2012. O desempenho coloca a Ihara como destaque no setor Fertilizantes e Agroquímicos do prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL 2014.   

Para este ano, a previsão da empresa é fechar com uma receita de R$ 1,2 bilhão. 

No ano passado, um dos fatores responsáveis pelo desempenho da Ihara foi o aparecimento da lagarta Helicoverpa armigera, praga que passou a tirar o sono dos agricultores brasileiros por seu apetite voraz, ao atacar plantações de soja e algodão,  principalmente nos Estados da Bahia e de Mato Grosso. A lagarta gerou prejuízos da ordem de R$ 2 bilhões aos produtores e impulsionou uma alta de 40% na demanda por inseticidas no País. “Numa hora de desespero do produtor, a capacidade de atender rapidamente suas necessidades se refletiu em nossas vendas”, diz Amaral. “A praga testou nossa agilidade e presteza em encontrar uma solução para a lavoura.” Mas não é somente essa praga que explica o crescimento da Ihara. Segundo Gustavo Urdan, gerente de finanças, nos últimos cinco anos a gestão do negócio também foi essencial para a modernização da empresa. De acordo com Urdan, em 2014, por exemplo, com a ampliação da fábrica de Sorocaba, a indústria passou a produzir glifosato, o herbicida mais utilizado no País. A capacidade chega a 30 milhões de litros. “Isso fez com que esse mercado se tornasse estratégico para nós”, diz. 

A Ihara foi fundada em sociedade com o grupo Mitsui pelo empresário japonês Kitashi Mochizuki, que veio ao Brasil especialmente para essa tarefa em 1965. “A ideia do senhor Mochizuki era dar suporte tecnológico aos imigrantes japoneses que começavam a atuar fortemente na produção agrícola brasileira”, diz Amaral. Hoje, além da fábrica de Sorocaba, a Ihara possui seis centros de distribuição no País. E, apesar de ter crescido, seu DNA permanece 100% nipônico. Atualmente, entre seus acionistas figuram, além do Mitsui, os grupos Nippon Soda, Kumiai, Sumitomo, Mitsubishi e Nissan. Juntos, esses gigantes faturam globalmente US$ 210,4 bilhões e dão a assistência tecnológica para a Ihara atuar no mercado brasileiro. A empresa possui, por exemplo, no Brasil, 17 moléculas em estudos avançados e que em alguns anos poderão ser usadas. Outras sete já estão em desenvolvimento. 

No ano passado, o setor faturou US$ 11,5 bilhões, 18% a mais do que o valor registrado em 2012. As 13 companhias ligadas à Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef) são responsáveis
por 80% disso. De acordo com Amaral, a Ihara, que detém uma fatia de apenas 4% desse mercado, pode aumentar sua participação. “É possível avançar bastante, ainda há espaço”, diz Amaral. O
desafio para 2015, porém, não vai ser pequeno. Eduardo Daher, diretor-executivo da Andef, prevê uma desaceleração do setor, que deve chegar ao fim de 2014 com vendas da ordem de US$ 12,5 
bilhões, um crescimento de 9% sobre 2013. “Para 2015, se as vendas se mantiverem no mesmo nível deste ano, já estará de bom tamanho”, afirma Daher.