No sábado 26 de abril, 60 mil toneladas de soja produzidas em Mato Grosso, adquiridas pelo grupo Bunge, foram embarcadas para a Espanha. Até aí, nenhuma novidade, já que as exportações fazem parte da rotina da multinacional. No entanto, em vez de rodarem mais de dois mil quilômetros de caminhão até o Porto de Santos, os grãos tomaram rumo diferente. Após percorrer cerca de mil quilômetros pela BR-163, a soja chegou ao terminal de transbordo de Miritituba (PA), município às margens do rio Tapajós, de onde seguiu outros mil quilômetros, por barcaças, até o município de Barcarena, onde foi despachada para o Exterior. A carga estreou uma nova rota traçada pela Bunge, com a inauguração do seu Terminal Portuário Fronteira Norte, no Porto de Vila do Conde, de Barcarena, reduzindo à metade o trajeto percorrido por via rodoviária. “Estamos diversificando a matriz logística do País, ainda muito dependente de caminhões”, afirma Murilo Braz Sant’Anna, vicepresidente de agronegócio da Bunge Brasil. 

Os terminais em Barcarena e em Miritituba foram construídos em parceria com a Amaggi, do grupo André Maggi, ao custo de R$ 700 milhões. A obra ficou a cargo da Navegações Unidas Tapajós, joint venture criada para gerir o novo corredor intermodal dessas empresas. Trata-se da esperada “saída Norte”, a rota formada pela BR-163 e pela hidrovia Tapajós-Amazonas como uma nova alternativa de escoamento de grãos. “Com a nova rota, desafogaremos o sistema logístico do Sudeste, que há muito tempo trabalha acima do limite”, diz Júnior Justino, diretor de logística e agronegócio da Bunge Brasil.

A capacidade de escoamento será de quatro milhões de toneladas, a partir de 2015. Segundo o Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária, o frete para transportar a soja entre Sorriso (MT) e o Porto de Santos era de R$ 250 por tonelada, no fim de abril, por exemplo. Com a rota fluvial, a Bunge estima uma economia de transporte superior a 30%, sendo que um comboio de 20 barcaças transporta 40 mil toneladas de grãos de uma só vez, o que significa mais de mil caminhões fora das estradas brasileiras.