Uma caixa com 2,4 metros de largura, 3 metros de comprimento e 2,6 metros de altura promete transformar água contaminada em água potável num ritmo de até seis mil litros por hora. Batizado de “Super H2Life”, o equipamento foi patenteado pela start-up paulista H2Life, após seis anos de pesquisas, ao custo de R$ 5 milhões. “É uma estação de tratamento de água, móvel e compacta, que conta com um sistema de ultrafiltração”, diz Ricardo Fittipaldi, sócio da empresa. nos últimos três meses, a máquina vem sendo apresentada como uma alternativa às fazendas com problemas de captação de água. “Se o gado consumir água contaminada, com certeza o pecuarista vai gastar mais com vermífugo”, diz. Bovinos e equinos bebem entre 40 litros e 60 litros de água por dia, volume que pode chegar a 100 litros no caso de uma?fêmea leiteira.

?A tecnologia vai beneficiar produtores como André Escaso, dono de uma área de 190 hectares em Cravinhos, no interior de São Paulo, onde cultiva cana-de-açúcar. De acordo com Escaso, os animais bebem a água dos rios Pardo e Mogi, hoje contaminada por resíduos químicos de usinas. Por isso, ele está reunindo um grupo de 20 produtores da região para comprar o equipamento, que custa R$ 370 mil. “Vamos compartilhar o uso da máquina para baratear o custo da água limpa”, afirma.

Segundo Fittipaldi, o equipamento também é indicado para produtores de frutas, hortaliças e flores que precisam de água tratada para a irrigação. “A maioria desses agricultores utiliza a água de poços artesianos, que pode estar contaminada e favorecer o surgimento de pragas e doenças na lavoura”, diz. “Além disso, com o tempo, o maquinário de irrigação acaba enferrujando e apresenta contaminantes.” Com o Super H2Life, a água passa por três fases de filtragem num sistema automatizado que tem como base a nanotecnologia. Uma pré-filtração retira grandes partículas, como areia e ferrugem. Depois, a segunda etapa elimina substâncias químicas, como o cloro, e, por fim, a última filtragem é capaz de reter 99% de microorganismos. “Mas o equipamento preserva os sais minerais da água”, diz o diretor comercial da H2Life Marco de Oliveira. “E, por não utilizar nenhum reagente químico, a tecnologia é indicada ao agronegócio.”

A estação de tratamento atende à Portaria 2.914/2011 do Ministério da Saúde, que regulamenta os parâmetros de qualidade da água potável. Com apenas 960 quilos e ganchos, ela pode ser içada e transportada em caminhões. A empresa está produzindo 30 equipamentos por mês, numa fábrica em São Paulo, e espera fechar 2013 com um faturamento de R$ 7,4 milhões.