Dia e noite, desde o início de janeiro, os produtores de Mato Grosso ficam com um pé no acelerador das colhedoras, outro pé no acelerador das plantadeiras e com os dois olhos no céu. Cada vez que as chuvas de verão cessam, as máquinas são ligadas para que a soja seja colhida e o milho, o algodão, o feijão e o girassol sejam plantados. O alvoroço no campo tem a ver com mais uma safra recorde que vem sendo colhida em todo o País, mesmo que as chuvas, além da conta em algumas áreas e escassas em outras, traga alguma perda para as lavouras. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê uma safra de 185 milhões de toneladas de grãos para 2012/2013, o maior volume da história da agricultura brasileira.

Com uma área de quase 53 milhões de hectares cultivados, os agricultores devem registrar um outro recorde no período, o da produtividade: são 3,5 mil quilos de grãos, por hectare, a melhor média já apurada pela Conab. Em visita a Mato Grosso, no início de fevereiro, o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, disse que o País tem condições de avançar ainda mais.“O produtor sabe que pode.” Na safra 2011/2012, a produção nacional de grãos foi de 166 milhões de toneladas, ante 162 milhões da safra 2010/2011.

Por conta do aumento do cultivo de grãos, açúcar, frutas, leguminosas e demais produtos do campo, a assessoria de gestão estratégica do ministério refez as contas da estimativa do Valor Bruto da Produção (VBP) das principais lavouras para 2013. O VPB deve somar R$ 283 bilhões, alta de 16% sobre 2012. O valor é calculado a partir do levantamento sobre o movimento financeiro no campo, realizado pela Conab e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nas principais culturas, o aumento do VBP deve ser superior a 15%. Na soja, por exemplo, o crescimento previsto é de quase 31%, no milho deve beirar os 18% e para o feijão, uma cultura que pesa nos índices de preços do governo, por fazer parte da cesta básica de alimentos, o aumento será de 33%. “No caso da soja, e do milho especialmente, os resultados se devem a perspectivas favoráveis de produção e também aos níveis de preços desses produtos sobre o ano passado”, diz José Garcia Gasques, coordenador de planejamento estratégico do Ministério da Agricultura. Segundo ele, a perspectiva inicial do VPB total de 2013 passava de R$ 305 bilhões. Mesmo assim, o resultado esperado ainda é o maior da série histórica iniciada em 1997.