O tema agropecuária digital, ou 4.0, de modo geral enfatiza o uso das novas tecnologias, como GPS, vants, satélites, internet das coisas, sites, sensores, conectividade no campo, softwares e aplicativos, com a agropecuária de precisão e os benefícios que o produtor pode alcançar na gestão da propriedade, nos ganhos de produtividade e na receita. Por si só, essa realidade já é bem atrativa. Mas pode-se incluir, também, o avanço da questão ambiental aliado às novas tecnologias.

O gerenciamento ambiental não trata somente de proporcionar um melhor uso dos recursos naturais, dos insumos e dos implementos para evitar, por exemplo, contaminações de solo, de mananciais e das emissões de gases de efeito estufa. Quando destaco o avanço das tecnologias no meio rural, também evidencio a sua utilização na implementação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e de outros mecanismos legais que estão previstos no novo Código Florestal e que devem ser implantados o quanto antes, diante de um cenário de aumento necessário da produção de alimentos para garantir a segurança alimentar global (aproximadamente 40% no Brasil), aliado à sustentabilidade da agropecuária.

Confiança: a tecnologia pode ajudar o produtor a monitorar seu passivo ambiental, dando mais segurança ao setor (Crédito:Divulgação)

Isso porque, muitas vezes, o proprietário rural tem dificuldades em entender a legislação ambiental. Há vários pontos relacionados aos seus direitos e deveres que não são bem claros para leigos, além de programas e benefícios que entraram em vigor em datas distintas. Também há casos de aplicações de multas, ou mesmo de inclusão em listas de desmatamento e embargos, sem que o proprietário soubesse que estava infringido a legislação. Esse tipo de ocorrência causa prejuízo financeiro ao produtor e prejudica a imagem do agronegócio brasileiro. Assim, os agricultores e pecuaristas devem considerar a tecnologia uma grande aliada para melhorar o cumprimento da legislação ambiental, principalmente em relação ao Código Florestal.

Entre essas tecnologias disponíveis estão sistemas fornecidos por empresas especializadas que monitoram e analisam automaticamente as variáveis da lei, e outros protocolos, e emitem extratos e relatórios quanto ao cumprimento ou não de determinado critério. Dessa forma, os proprietários rurais passam a ter autonomia para verificar o seu status legal de forma simples e rápida. Há, também, extensos bancos de dados e imagens de satélite que permitem analisar a situação passada de uso e cobertura da terra de forma prática e, com isso, verificar quais são os enquadramentos legais exigidos. Com reservas legais e áreas de preservação permanente (APPs), por exemplo. Uma infinidade de algoritmos de classificação e análises de dados hoje consegue resolver várias questões relacionadas à temporalidade da legislação vigente. Em muitos casos, esse monitoramento também é exigido pelos clientes dos produtores rurais, preocupados com a cadeia de valor dos produtos que vão comercializar posteriormente.

A tecnologia ainda pode auxiliar o produtor rural na realização e no monitoramento do Programa de Regularização Ambiental (PRA). Principalmente no planejamento das etapas essenciais exigidas na legislação, de projeto e de implantação, nas quais se definem onde serão as Áreas de Preservação Permanente, a Reserva Legal e qual a forma de regularização de cada uma delas ao longo dos anos. Após a implantação ou manutenção das áreas de preservação exigidas na lei, é necessário fazer um monitoramento e acompanhamento desse trabalho, que é mais eficiente e barato com o uso de vants e drones. Dessa forma, é certo que a tecnologia também chegou para ficar no campo, com o propósito de estreitar e de pacificar as relações entre o agronegócio e o meio ambiente de forma prática, segura, eficaz e econômica.