Na região da Campanha gaúcha, uma extensa faixa de terra de 4,1 milhões de hectares, onde o Brasil faz divisa com o Uruguai, o símbolo da economia local ainda são os peões a cavalo, vestidos com suas bombachas, guaiacas, lenços, botas e esporas, tocando a boiada. Foi o gado criado nos imensos e planos campos de capim-mimoso que deram fama e riqueza à região, também chamada de Pampa ou Campos Sulinos. Do rebanho com 4,7 milhões de bovinos, equivalente a 36% do gado gaúcho, sai boa parte dos animais que sustentam programas de carne premium, como o Carne Angus Certificada e o Programa Carne Pampa das raças hereford e braford. Mas, nos últimos 15 anos, outras figuras começaram a disputar espaço com os peões: homens e mulheres que colhem uvas pacientemente, além de imensas máquinas trabalhando nas áreas em que há mecanização. Eles fazem parte de um movimento que está mudando o cenário da Campanha, transformando-a numa importante fronteira de produção de vinhos finos e espumantes.

Nomes como Guatambu, Miolo e Salton estão à frente dessa revolução. Eles já construíram um negócio estimado em R$ 157 milhões, por ano, com a venda de vinhos finos e espumantes. O valor equivale a 22% do movimento de R$ 707 milhões para estas bebidas no Rio Grande de Sul, de acordo com dados da Associação Gaúcha de Vinicultores e o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin). “Desde que assumi a Estância Guatambu, na década de 1970, o objetivo era diversificar com soja e milho a propriedade que sempre criou gado e cultivou arroz”, diz o fazendeiro Valter José Pötter, 56 anos, dono de 10,7 mil hectares no município de Dom Pedrito. Pötter é um dos pecuaristas mais tradicionais do Estado, selecionador das raças hereford e braford que, por duas vezes, foi destaque no prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL, na categoria Rebanho Nacional. “Sou a terceira geração no campo, mas foi com a quarta geração da família que vieram as uvas e o vinho”, diz Pötter. Ele se refere às filhas Gabriela, 36 anos, agrônoma, e Isadora, 32 anos, advogada que deixou a profissão e hoje é sommelière. Nos últimos 13 anos, a família Pötter tem investido anualmente cerca de R$ 1 milhão, para produzir vinhos com a marca Guatambu.

A produção da Campanha está em 11 municípios, com a maior parte das videiras de uvas viníferas cultivadas ao longo da BR-239, rodovia de cerca de 500 quilômetros que liga os municípios de Pelotas a Quaraí. São também 17 as vinícolas em atividade na região. Além da Guatambu, entre elas estão unidades de produção de gigantes do setor, como a Salton, que fatura cerca de R$ 300 milhões por ano, e a Miolo Wine Group, com receita de R$ 140 milhões, ambas com sede em Bento Gonçalves, município do Vale dos Vinhedos na região da Serra gaúcha. 


EMBAIXADORA: na loja da Guatambu, a sommelière Isadora Pötter, que deixou a advocacia para se tornar empresária, diz que o investimento em uma vinícola está se pagando

As uvas que abastecem as vinícolas da Campanha são cultivadas em dois mil hectares, por 180 produtores que fazem parte da Associação dos Produtores de Vinhos Finos da Campanha Gaúcha, ou apenas Vinhos da Campanha. O presidente da entidade, Giovâni Silveira Peres, que também é sócio da vinícola Batalha, no município de Candiota, diz que a aposta dos produtores, iniciada nos anos 2000, passa por um processo acelerado de consolidação. A produção atual de 12 milhões de litros de bebidas, dos quais 7,2 milhões são de vinhos finos e 4,8 milhões são de espumantes, deve chegar a 20 milhões de litros nos próximos cinco anos, um crescimento de 66%. “De tradicional criadora de bovinos, a região ganha fama por ter se tornado a segunda maior área produtora dessas bebidas no Brasil”, afirma Peres. Em relação aos vinhos finos, por exemplo, a expectativa é que a Campanha amplie a participação de 19.4% para 50%.  Isso porque o Vale dos Vinhedos, onde está concentrada a produção dos finos, tem apostado as fichas nos espumantes. “Essa mudança nos negócios ganhou força a partir da consolidação da Campanha como produtora de vinhos finos”, diz Peres. Em 2015, os gaúchos produziram 37,1 milhões de litros de vinhos finos e 18,7 milhões de litros de espumantes, entre o Vale dos Vinhedos, a Campanha e mais algumas regiões emergentes (leia o quadro “Para além dos Pampas”). A produção de uva é um dos motores da agricultura gaúcha, e representa 4% do R$ 1,4 bilhão gerados pelo segmento, atrás de soja, arroz, fumo, milho e maçã. O setor movimenta R$ 2,4 bilhões, incluindo também nessa conta os vinhos de mesa – que são as bebidas a partir de uvas americanas ou híbridas –, e as bebidas à base da fruta, como suco concentrado e coolers. Os gaúchos respondem por 90% do mercado nacional vitivinícola, ficando os restantes 10% para outras regiões, como o Vale do Rio São Francisco, na Bahia, mais Espírito Santo, Santa Catarina e São Paulo.


Idealizadora: foi a agrônoma Gabriela Pötter que convenceu a família a investir nos vinhos finos e espumantes. A produção atual é de 90 mil litros por ano

Se depender da família Pötter, a uva vai ocupar um espaço definitivo e cada vez maior na economia da região da Campanha. A Guatambu Estância do Vinho iniciou o cultivo de uvas viníferas em 2003 e hoje possui 23 hectares com as variedades chardonnay, sauvignon blanc, cabernet sauvignon, gewürztraminer, tempranillo, merlot, tannat e pinot noir.  De acordo com Gabriela Pötter, os prêmios começaram a chegar com o primeiro rótulo colocado no mercado. Em 2010, o cabernet sauvignon Rastros do Pampa, da safra 2008, levou a medalha de ouro no 6º Concurso Internacional “Emozione dal Mondo”, em Bergamo, na Itália. Participaram do concurso 204 vinhos de 19 países. “O prêmio mostrou que o projeto estava consolidado”, diz Gabriela, que já contabilizou outros 20 prêmios, como o de melhor vinho tinto nacional do Top Ten da Expovinis, em São Paulo, para o Rastros do Pampa Tannat, em 2014. Na safra passada, a Guatambu produziu 120 toneladas de uva, 24 vezes mais que na primeira safra. Em relação à produção das bebidas, o crescimento foi de 11 vezes: 90 mil litros em 2015, equivalentes a 120 mil garrafas, contra oito mil litros no início do negócio.


Investimento: Daniel Salton, presidente da Salton, entre os vinhos de uvas da fronteira  processados em Bento Gonçalves

O mais recente investimento da família Pötter, de     R$ 1,3 milhão, será inaugurado no próximo mês. Para suprir a necessidade de energia, um dos insumos que mais pesam no custo de produção, a vinícola ganhou uma usina solar com 600 painéis fotovoltaicos para gerar 200 mil quilowatts por ano. O projeto é inédito na América do Sul e está sendo certificado com o Selo Solar, concedido pelo Instituto para o Desenvolvimento de Energias Alternativas na América Latina (Ideal). “O consumidor começa a valorizar ações ambientais e os produtos certificados terão visibilidade cada vez maior no mercado”, diz Valter Pötter. A usina faz parte de um projeto iniciado em 2013 para promover o enoturismo na região (leia o quadro “Um brinde ao turismo”). Naquele ano, foi construído um complexo de três mil metros quadrados que une a vinícola a uma loja da marca e a um restaurante.  Segundo Isadora Pötter, no ano passado, o local recebeu 8,6 mil visitantes e para este ano são esperados dez mil. “A decisão foi acertada porque já conseguimos cobrir os nossos custos de operação e acredito que dentro de cinco anos cobriremos os investimentos”, afirma Isadora, que além de somelière cuida do marketing do negócio.


Na frente: para o engenheiro agrônomo da Salton, Maurício Copat, o projeto da empresa na Campanha se diferencia pelo grau de  inovação

TERROIR  Um dos motivos que atrai os investidores para a Campanha é a sua localização geográfica. Os municípios da região estão no paralelo 31º Sul, dentro da faixa entre o paralelo 30º e o 50º, onde se localizam produtores consagrados de vinhos finos, como a Austrália, com 1,7 bilhão de litros; a Argentina, com 1,4 bilhão; o Chile, com 1,3 bilhão e a África do Sul, com 1,1 bilhão. Esses países, ainda jovens na atividade, quando comparados com as seculares Itália, França e Espanha, respondem por cerca de 20% da produção mundial de 27 bilhões de litros, processados com de uvas colhidas em 7,5 milhões de hectares, segundo a Organização Internacional do Vinho (OIV), com sede em Paris.

Mas, ao contrário desses países que produzem suas bebidas de olho na exportação, o Brasil têm como maior desafio ganhar o mercado interno.  Dirceu Scottá, presidente do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), diz que o caminho está sinalizado. O brasileiro consome 2,2 litros de vinho por ano, quase nada se comparados aos 45 litros per capita na França. Não que o brasileiro abomine os alcoólicos, mas a preferência tem sido por outras bebidas, como a cerveja, com um consumo per capita anual de 62 litros. “O mundo vê o Brasil como um potencial grande consumidor para vinhos e espumantes”, afirma Scottá. “Então, por que vamos tentar algo lá fora quando há tanto para explorar aqui?” No ano passado, o Brasil exportou 1,5 milhão de litros de vinhos e espumantes, por US$ 4 milhões, segundo dados do Ibravin. Argentina e Chile exportam acima de 300 milhões de litros.

Vinhos com potencial


Por Suzana Barelli, editora de vinhos da revista Menu

A localização geográfica dá a primeira pista sobre os vinhos da Campanha gaúcha. Bem ao sul do Brasil, suas planícies fazem fronteira com o Uruguai e, não raro, com alguns dos mais valorizados vinhedos deste país – as uvas que tão origem ao Amat, referência entre os tannat do mundo, por exemplo, são cultivadas no Cerro Chapeu, como é chamada esta região de divisa no lado uruguaio.

Solos pouco férteis, de boa drenagem e, principalmente, o clima local explicam o potencial da Campanha. Entre a primavera e o verão, quando as uvas estão amadurecendo, faz calor durante o dia, mas esfria à noite. Essa amplitude térmica é ótima para a fruta desenvolver aromas e sabores mais complexos. A chuva, necessária, mas nociva se cair na época da floração e da colheita, concentra-se no inverno, quando as videiras descansam, se preparando para a próxima safra.

Além das características que moldam o terroir local, a viticultura da Campanha é relativamente recente. Muitos de seus produtores plantaram as primeiras vinhas já neste século, o que se traduz em mudas e condução do vinhedo mais adequadas e modernas. Há mais conhecimento dos vinhedos e maior uso de tecnologia, no campo e na vinícola.
O resultado aparece na taça, com brancos e, principalmente, tintos bem elaborados, a partir de uvas que amadureceram, completa e corretamente, e que foram bem tratadas nas vinícolas. Com o tempo, quando as vinhas tiveram mais velhas e suas raízes mais profundas, a qualidade do vinho da Campanha só tende a crescer.

Para o presidente da Associação Brasileira de Sommeliers da regional São Paulo (ABS-SP), Arthur Azevedo, há somente um caminho para ganhar o consumidor: investir. “É preciso promover o vinho junto a quem compra”, afirma Azevedo. “E também junto aos formadores de opinião.” Isso significa não somente promover eventos, como um encontro realizado pela ABS-SP no mês passado, para mostrar as qualidades dos vinhos da Campanha a 90 médicos paulistas, como também fazer com que o produto brasileiro caia nas graças dos sommeliers (leia o quadro “Vinhos com Potencial”).


Aposta: para Adriano Miolo, presidente do Miolo Wine Group, foi a qualidade dos vinhos obtidos na Campanha que levou a empresa a investir no aumento da produção

Foi a expectativa de um mercado interno mais robusto para os próximos anos que levou Daniel Salton, presidente da vinícola Salton, a investir na Campanha.  “Sim, a região pode ser muito maior, tornando-se um grande polo de produção”, afirma Salton. Os negócios na região começaram em 2001, mas, para ganhar musculatura, a empresa investiu R$ 42 milhões em Santana do Livramento, nos últimos seis anos. “Vamos investir outros R$ 22 milhões nos próximos dez anos”, diz o executivo. Em 2010, a Salton adquiriu 640 hectares, onde está construindo uma vinícola para ser inaugurada em 2017, mas que já funciona parcialmente. Ela será capaz de processar até quatro mil toneladas da fruta, por safra, e produzir um milhão de litros de mosto, que é o suco extraído da uva após ser prensada. A produção será envasada na vinícola da Serra. Também foram plantados 120 hectares de vinhedos irrigados. O projeto é ampliar a área de cultivo em 20 hectares por ano, nos próximos 16 anos. Na safra passada, a Salton processou 15,9 mil toneladas de uvas, das quais 2,7 mil toneladas eram da Campanha, entre próprias e de parceiros.

De acordo o agrônomo Maurício Copat, responsável pelo departamento agrícola da Salton, a inovação tem orientado os passos da empresa na região. “Ela está nas operações do vinhedo, que passaram a ser mecanizadas, até os equipamentos industriais desenvolvidos especificamente para a vinícola”, afirma Copat. A Salton foi buscar na França, por exemplo, uma colhedora de última geração avaliada em R$ 1,5 milhão para agilizar o trabalho no campo. Na fábrica, o controle das etapas de processamento da fruta é eletrônico, o que requer apenas cinco funcionários para toda a operação. “Temos potencial para a produção de bebidas muito boas e buscamos por esse reconhecimento”, diz ele. Não por acaso, o vinho mais caro da Salton, o Gerações, que custa acima de R$ 100 para o consumidor, é elaborado com uvas da Campanha.


Associação:
o presidende da Vinhos da Campanha Giovâni Peres, que produz uvas em Candiota, diz que a região pode crescer aceleradamente

CRESCIMENTO Das vinícolas da região, o maior projeto pertence à Miolo Wine Group. A empresa produz uvas na Campanha desde 2000, quando comprou a propriedade batizada de Seival State, em Candiota, com 200 hectares.  Em 2009 a empresa adquiriu a Almadén, que atuava na região desde 1974 e pertencia à francesa Pernod Ricard, e tinha 585 hectares em Santana do Livramento. Adriano Miolo, diretor do grupo, diz ter investido R$ 20 milhões nos últimos 16 anos. “Vamos continuar investindo, de acordo com o crescimento do mercado”, diz o executivo. Do total de 7,5 milhões de litros de vinhos finos e espumantes produzidos em cinco vinícolas, 4,5 milhões saem da Campanha. Para o enólogo da Miolo, o português Miguel Almeida, não é à toa que dois terços dos vinhedos da empresa são cultivados na Campanha. As características de seu solo e clima permitem melhores resultados com as uvas viníferas, quando comparados aos da Serra. “A uva consegue atingir maturação plena, gerando um vinho com maior teor alcoólico e menor acidez”, diz Almeida. “Produzir na Campanha nos permite explorar potenciais de uvas diferentes, entre francesas, portuguesas e espanholas.

Um brinde ao turismo

Unir pessoas em torno da experiência de beber um bom vinho é parte da estratégia das vinícolas que apostam no enoturismo para alavancar as vendas do produto nacional. É também um passo importante para que a região da Campanha se consolide como produtora e que seja reconhecida desta forma pelo consumidor. A Batalha Vinhas & Vinhos está investindo nesse setor. A empresa, que pertence aos sócios Giovâni Peres, presidente da Vinhos da Campanha, e aos empresários Gilberto Pozzan e seu filho Felipe, deve iniciar ainda neste ano a construção de uma nova área vinícola e de um restaurante com capacidade para 100 pessoas. O investimento é estimado de R$ 6 milhões, dos quais R$ 2,4 milhões já foram empregados para expandir os vinhedos e construir parte da vinícola.  “Nossa meta é ter uma vinícola boutique”, diz Peres.

Na Campanha, há sete empreendimentos dedicados ao enoturismo. Para o presidente da Associação Brasileira de Sommeliers (ABS-SP), Arthur Azevedo, poderia haver mais, caso os empresários não esbarrassem na falta de infraestrutura para receber os turistas. “A Serra possui diversos restaurantes, muitos hotéis e um aeroporto próximo”, diz Azevedo. “A Campanha precisa repetir esse modelo.”

Além dos empresários do setor, o cultivo de uvas na região tem atraído uma vasta gama de empreendedores. Eles podem ser pequenos, como o pecuarista Jacenir Freitas, de Lavras do Sul, que possui apenas 8,5 hectares de vinhedos em sua propriedade de 160 hectares dedicados à criação de gado. Ou podem ser personalidades e empresários. O apresentador esportivo Galvão Bueno é dono da Bellavista Estate, de 30 hectares no município de Candiota. Seus vinhos, processados pela Miolo, da qual ele se tornou sócio em 2009, levam a marca Bueno Wines. “A região tem o verdadeiro terroir brasileiro”, diz o apresentador. Já o empresário Luiz Eduardo Batalha, responsável por trazer a marca de fast food americana Burger King ao Brasil, há dois anos comprou 11 hectares de vinhedos em produção, também em Candiota, para colocar no mercado a marca Guarda Velha nos próximos anos. “Quero que o vinho fique em barricas de carvalho por cinco anos, para que ele se assemelhe a um Brunello”, diz Batalha, referindo-se ao vinho típico da região de Montalcino, na Itália, feito a partir da sangiovese, uma das uvas cultivadas por ele. Jacenir Freitas, que faz parte do primeiro grupo de produtores que investiram em vinhedos para entregar a fruta a uma vinícola da região, diz que todos os produtores que plantaram uva estão fazendo história. “Tivemos que pegar poeira na estrada e aprender a tomar conta do vinhedo, que demanda muito mais cuidado que a pecuária”, afirma Freitas. “Mas o resultado está aí. Agora, a terra da melhor carne também é a terra do melhor vinho.”

Para além dos pampas

O    Rio Grande do Sul possui duas áreas vinícolas que despontam no cenário nacional, além do Vale dos Vinhedos e da Campanha. São elas, a Serra do Sudeste e os Campos de Cima da Serra. “Depois da Campanha, são as regiões com o maior potencial de desenvolvimento”, diz o presidente do Ibravin, Dirceu Scottá.

Na Serra do Sudeste estão os municípios de Encruzilhada do Sul, Hulha Negra, Pinheiro Machado e Piratini. Entre os produtores a Valduga, vinícola centenária no Vale dos Vinhedos, investiu em 110 hectares em Encruzilhada do Sul para produzir 600 mil litros de bebidas.

Os Campos de Cima da Serra são formados por Bom Jesus, Cambará do Sul, Esmeralda, Jaquirana, São Francisco de Paula, São José dos Ausentes, Monte Alegre dos Campos, Muitos Capões e Vacaria. Já se instalaram na região empreendedores como o empresário do setor metalmecânico, Raul Anselmo Randon, que possui 50 hectares e produz 210 mil litros de vinho cabernet sauvignon. Para processar a bebida com as iniciais de seu nome, ele fez uma parceria com a Miolo.  A meta até 2018 é chegar a 200 hectares de uvas e produzir 1,5 milhão de litros de vinhos e espumantes.