“O subsídio da ração e das vacinas ajuda muito, pois eles são o maior custo da produção de leite, depois da mão-de-obra”

VINÍCIUS MAGESTE DAMÁSIO: cooperado da Ibituruna

Toda cidade tem seu marco natural e Governador Valadares não é diferente. Tratase da Ibituruna, nome em tupi-guarani que significa pedra negra. O gigante rochedo que faz do município uma das capitais nacionais do vôo livre é também nome dos produtos da Cooperativa Agropecuária Vale do Rio Doce, uma entidade com 48 anos de estrada e 500 cooperados. Seu diferencial é a gestão focada em inovação. Em uma região com concorrentes como Nestlé e Itambé, inovar é a forma de não perder cooperados para outras companhias. Não é à toa que a cooperativa conquistou o segundo lugar em Inovação e Tecnologia do setor de alimentos do ranking As 500 Melhores Empresas do Brasil, segundo a revista IstoÉ Dinheiro.

“Está para sair um financiamento do Banco de Minas Gerais para a fábrica de leite em pó”

WELLINGTON BRAGA: diretor-presidente da Ibituruna

“Sou aposentado, a atividade leiteira hoje é minha principal fonte de renda”

OSNIR BRAGANA: cooperado da Ibituruna

A cooperativa beneficia cerca de 600 mil litros de leite por dia na safra e 400 mil na entressafra. A matéria- prima é usada na fabricação de mais de 50 produtos, com destaque para o leite longa vida, primeiro lugar em vendas e para a manteiga, que foi até premiada. Se tudo der certo, a cooperativa aumentará a gama de produtos este ano. “Está para sair um financiamento de R$ 22 milhões do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) para uma fábrica de leite em pó”, diz Wellington Braga, diretor-presidente da cooperativa.

O segredo do bom funcionamento está no dia-a-dia com os cooperados. Para estreitar o relacionamento com os produtores, há um comitê de líderes, grupo que reúne representantes de diversas comunidades. Estas pessoas participam das reuniões e levam as reivindicações à equipe de assistência técnica. Outro diferencial da Ibituruna é o pagamento por qualidade, mais R$ 0,03 por litro, e a cesta básica de insumos e ração. Além disso, todos os cooperados têm subsídios na compra de vacinas e ração. “Isso ajuda muito, pois o maior custo da produção de leite, depois da mão-de-obra, é a ração”, diz Vinícius Mageste Damásio, genro de “seu” Adalberto, cooperado da Ibituruna há mais de 40 anos. Atualmente, é Damásio quem cuida dos negócios.

CONTROLE DE QUALIDADE: antes de chegar à fábrica, leite passa por várias análises

A propriedade conta com 36 vacas em lactação e produz, diariamente, 280 litros de leite. A ordenha é mecânica e acontece duas vezes ao dia. Antes de iniciar, o vaqueiro passa iodo no ubére da vaca e enxuga com um papel toalha, um processo de higienização. Depois faz o teste da caneca, mecanismo que identifica se o leite não tem problema. Se tudo estiver bem, ele inicia a captação.

O mesmo procedimento acontece na fazenda de “seu” Osnir Bragança, outro cooperado da Ibituruna. Aposentado, ele é extremamente zeloso e tem no leite sua principal fonte de renda. “Em alguns períodos do ano, a produção média por vaca chega a 17 litros/dia”, diz. Após a captação, o leite vai para o tanque de resfriamento. Quase que diariamente, caminhões-tanque da cooperativa passam nos pontos de coleta para buscar o material. Ao todo, são mais de 400 pontos em 55 municípios. Depois de cheios, estes caminhões- tanque seguem para a fábrica, que trabalha em três turnos e tem um rigoroso controle de qualidade.

Chegando lá, uma amostra do leite é retirada e levada para o laboratório. Se estiver tudo nos conformes, o leite segue para a fábrica. Além disso, uma vez por mês, amostras de leite são enviadas para a Universidade Federal de Minas Gerais, que analisa a quantidade de gorduras, proteínas e células bacterianas. Tudo para garantir a qualidade dos produtos, que já estão em solo americano para matar as saudades de casa dos 45 mil valadarenses que imigraram para lá.