A produção de amendoim no Brasil tem como foco a indústria de alimentos processados. Na safra 2012/2013, por exemplo, a maior parte das 326 mil toneladas de amendoim tiradas do campo serviu de matéria-prima na fabricação de quitutes como paçoca e balas e em mistura de doces à base de chocolate. Pode não parecer, mas o amendoim faz parte de um nicho de mercado que começa a atrair grandes tradings. No final de outubro, a gigante francesa Louis Dreyfus Commodities (LDC), uma das maiores processadoras de grãos do mundo, anunciou sua entrada no mercado do amendoim para vender óleo e farelo, um subproduto do esmagamento do grão. “A companhia espera que o Brasil siga aumentando as safras e se torne um produtor global relevante de amendoim”, diz Murillo Luchese, gerente nacional de originação da LDC.

Há dez anos, a produção de amendoim ficava na casa das 175 mil toneladas. Segundo André Guedes, vice-presidente da Abicab, entidade que reúne os fabricantes de chocolates, balas e derivados, a commodity registrou um salto grande de qualidade que explica o crescimento da safra. “Houve um grande investimento em novas variedades da oleaginosa e na infraestrutura das fábricas”, afirma Guedes. “A cadeia do amendoim está evoluindo num bom ritmo, tanto na produção quanto na indústria.”

Para processar o grão, a LDC adaptou uma unidade processadora de algodão em Paraguaçu Paulista, município no interior de São Paulo. A empresa considera o local estratégico porque, atualmente, a região é um dos maiores polos produtores de amendoim do Brasil. No período de testes realizados nos últimos meses foram esmagadas 25 mil toneladas do grão.

O objetivo da LDC nessa empreitada é começar a exportar óleo de amendoim no próximo ano, principalmente para os mercados europeu e chinês. Por isso, a LDC já tem as certificações GMP+ e HACCP, que garantem a qualidade da produção na fábrica brasileira. Segundo Nilva Claro, analista de mercado da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção mundial de óleo de amendoim gira em torno de cinco milhões de toneladas. A exportação brasileira de óleo está crescendo nos últimos anos e chegou a cerca de 38 mil toneladas, em 2012. “A participação do Brasil é de menos de 1%, mas esse cenário tende a mudar”, diz Nilva. “O mercado nacional está se estruturando.” Outro mercado promissor é o da ração animal, que está sendo testado pela LDC, que pretende vender o farelo de amendoim. “Já fornecemos o farelo para o mercado pecuário e foi muito bem aceito”, diz Luchese.