São Paulo, 21 – Após registrar um aumento de 77% em receita de vendas no ano passado, a indústria de biodefensivos tem expectativa mais moderada para 2019 e espera crescer em torno de 20%, em linha com a média histórica do setor. “A gente não acredita em um crescimento tão vertiginoso agora, em 2019. A expansão anual do setor deve voltar ao nível de 20% a 25% pelos próximos cinco anos”, informou o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico (ABC Bio), Arnelo Nedel. As vendas das empresas representadas pela entidade (70% do setor) chegaram a R$ 464 milhões 2018, ante R$ 262 milhões no ano anterior.

Nedel atribuiu o crescimento das vendas a mudanças regulatórias para o segmento no âmbito do Ministério da Agricultura e ao acesso a linhas de crédito especiais do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para as empresas nos últimos anos. “O mercado consumidor também está buscando produtos livres de resíduos”, avaliou.

Dentre os segmentos agrícolas em que o biodefensivo é aplicado, a fruticultura e horticultura apresentaram maior crescimento proporcional em 2018, porque o consumidor tem mais exigências quanto à redução do uso de produtos químicos nos alimentos consumidos in natura. Mas, em volume, o maior mercado para os biodefensivos continuou sendo a produção de soja.

Além do crescimento das próprias empresas de biodefensivos, houve nos últimos anos a entrada de grandes players de defensivos químicos no segmento de controle biológico, adicionando escala ao setor. Ainda assim, a diretora-executiva da ABC Bio, Amália Borsari, apontou que o uso de biodefensivos não alcança 5% da produção em algumas regiões do País. Segundo a executiva, atualmente, há mais de 200 produtos registrados, volume que cresceu mais de 50% no período de dois anos.

O presidente argumentou que o entendimento de que o uso de defensivos sintéticos exclui o uso de defensivos biológicos está ultrapassado. Segundo ele, a integração com o controle biológico pode inclusive aumentar a eficiência das moléculas químicas.

“Os defensivos químicos têm efeitos mais rápidos, enquanto a percepção do resultado do defensivo biológico é mais lenta. Mas o uso consorciado dos dois tipos de defensivos é que tem fomentado o mercado brasileiro do setor”, afirmou. “O segmento vinha crescendo linearmente nos últimos anos, mas em 2018 houve um crescimento de 50% nas vendas”, completou.

Nedel lembrou, ainda, que o setor de defensivos químicos tem empresas multinacionais que atuam no mercado brasileiro há várias décadas, enquanto o setor de controle biológico é menor e relativamente recente. “Mas o uso de inoculantes e bioinseticidas está cada vez mais integrado ao manejo de pragas e doenças. Não tem mais volta”, considerou o diretor técnico da ABC Bio, Fabrizio Romano.