O Acordo de Paris exigirá dos países medidas concretas e urgentes de adaptação às mudanças climáticas no mundo, como a redução da emissão de gases poluentes e do ritmo do aquecimento global. Este pacto, firmado no final do ano passado na COP-21 e já ratificado por 27 países até agora, entre os quais o Brasil nesta semana, começa a valer em 2020. Mas as ações devem ser imediatas diante do desafio que se tem pela frente e a adoção de tecnologias que mitiguem os efeitos do aumento da temperatura do planeta será fundamental neste processo.

Este foi o ponto abordado na manhã de quarta-feira, 14, no painel “Mudanças climáticas globais – Os próximos passos do debate das mudanças climáticas, pós Acordo de Paris”, no 1º Seminário Internacional de Resiliência Climática e Descarbonização da Economia, realizado  na sede da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em Brasília. O evento reuniu especialistas brasileiros e estrangeiros para discutir os desafios mundiais e as perspectivas do ponto de vista político, econômico e social em torno de questões ligadas ao clima.

Neste cenário, o uso de mais fontes de energia limpas e renováveis, sequestro de carbono, redução do desmatamento, reflorestamento, recuperação de áreas degradadas, Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) e a melhoria da qualidade do ar nos grandes centros urbanos são algumas das alternativas necessárias para se atingir as metas estipuladas pelos países nos moldes do Acordo de Paris. Porém, os especialistas alertam: tudo isso terá de ser feito o quanto antes para evitar danos ao meio ambiente e ao sistema produtivo no futuro, e com a implantação de tecnologias.

“Quanto mais sofisticado tecnologicamente, maior a capacidade de se adaptar às mudanças climáticas. Mas precisamos acelerar a implantação de tecnologias. Hoje o ritmo está insuficiente”, afirmou o professor Eduardo José Viola, da Universidade de Brasília (UnB). Uma das regiões que pode contribuir para esta mudança de paradigma é a América Latina, hoje responsável por 10% das emissões globais de poluentes, de acordo com Walter Vergara, especialista em florestas do World Resources Institute (WRI), que defende a cooperação regional e o acesso a financiamentos internacionais para a implantação e práticas sustentáveis.

Para a superintendente de Relações Internacionais da CNA, Alinne Oliveira, a produção sustentável tende a ser uma exigência cada vez maior dos mercados consumidores dos produtos agropecuários brasileiros. Assim, as tecnologias aplicadas ao setor agropecuário devem garantir a segurança alimentar e o país deve buscar mais acordos internacionais de comércio. Na avaliação de Rodrigo Lima, diretor geral do Instituto Agroicone, o desafio do país é pôr em prática as metas de redução do desmatamento e incentivar as tecnologias sustentáveis no campo. “O Acordo de Paris entra em vigor em 2020, mas até lá há muito para se fazer”.