Micronutrientes, extratos vegetais e aminoácidos para o cultivo das lavouras é a nova bola da vez no campo brasileiro. Na busca pela produtividade, já não basta mais o adubo básico para a planta crescer: é preciso não se esquecer de colocar na lista de compras os fertilizantes especiais. Essa geração de produtos incrementados pode impactar em até 10% a produção de uma cultura, ao promover um maior enraizamento, fixar as estruturas reprodutivas e impulsionar o seu desenvolvimento, a partir de um custo adicional inferior a 1%. Compostos de elementos químicos, como manganês, boro, zinco, selênio e molibdênio fazem parte de um mercado que já movimenta R$ 2 bilhões por ano, no Brasil, segundo estimativas da Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo). Mas esse montante pode chegar a R$ 8 bilhões, até 2018. “A utilização de fertilizantes especiais vem aumentando, tanto nos cereais quanto no segmento de fibras, celulose e hortaliças”, diz Ricardo Pansa, CEO da Nutriplant, de Campinas (SP). “Esse mercado vai crescer porque a agricultura moderna está atenta ao ajuste fino de todos os componentes que afetam a produtividade.”

O vento a favor dos fertilizantes especiais atrai empresas que investem em novos produtos e também estreantes nesse nicho. É o caso da fabricante americana de agroquímicos FMC, que está entre as quatro maiores do setor. Em maio, Antonio Carlos Zem, presidente da empresa, anunciou o início das operações no segmento de fertilizantes especiais. “Queremos faturar até 2014, próximo de R$ 2 bilhões no País dos quais 10% virão da venda de insumos especiais”, afirmou Zem. “Em um país como o Brasil, que demanda cada vez mais por serviços integrados, agroquímicos e fertilizantes se complementam.”

Para entrar nesse mercado, a FMC fechou uma parceria com a também americana Cytozyme, a fabricante dos produtos que serão vendidos no Brasil. Segundo o diretor de novos negócios corporativos da FMC, Paulo César de Oliveira, há dois anos a empresa vinha testando modelos de parceria. “O modelo inicial inclui o comércio de fertilizante para hortifrutigrangeiros e cana-de-açúcar, “ diz Oliveira. “Na sequência vêm a soja, o algodão, arroz e milho.” Essas são as culturas que mais consomem fertilizantes foliares no País, num total estimado em 135 milhões de litros por ano. Para Pansa, da Nutriplant, que nos últimos ano resolveu focarse no mercado de insumos foliares mais avançados, uma tendência desse segmento são os bioestimulantes, como a citocinina e os ácidos. O bioestimulante na soja, por exemplo, aumenta o número de vagens por planta. “Estudos têm mostrado que o aumento da produtividade pode passar de 30%”, afirma Pansa.

O crescimento do uso de fertilizantes especiais deve provocar uma concentração desse mercado nas mãos de um número menor de companhias nos próximos anos. Atualmente, o segmento é extremamente pulverizado, com cerca de 300 empresas em atividade. Peter Balluff, gerente da divisão de agronegócios da Ajinomoto do Brasil, diz que a empresa está atenta ao que ocorre no mercado doméstico, para não perder espaço. Atualmente, o segmento de fertilizantes responde por cerca de R$ 40 milhões por ano, o que representa 2% do faturamento da multinacional japonesa no País. “Queremos uma fatia maior, porque o Brasil tem um mercado favorável, com um campo vasto de investimento sustentado pela alta das principais commodities agrícolas”, diz Balluff. A Ajinomoto produz 16 fertilizantes foliares e dois sólidos. Balluff acredita que a divisão crescerá pelo menos 10% neste ano, graças aos investimentos recentes na produção. Desde 2011, a empresa desembolsou R$ 15 milhões na modernização da unidade de fertilizantes de Laranjal Paulista (SP). De acordo com ele, o Brasil é um polo desenvolvedor da multinacional, que tem planos de levar a tecnologia desses fertilizantes especiais a outros países.