GEORGE W. BUSH, NO CAMPO: subsídios aos fazendeiros encontram cada vez mais opositores no próprio país

Todos os anos, a Casa Branca despeja US$ 285 bilhões em subsídios agrícolas. Essa montanha de dinheiro é gasta em programas de apoio a setores onde os americanos não são tão competitivos quanto seus concorrentes – um caso notório é o etanol à base de milho, que é mais caro do que o álcool brasileiro feito da cana-de-açúcar. Fora dos Estados Unidos, essa proteção ao meio rural sempre foi vista como fonte de pobreza nos países em desenvolvimento. A diferença é que, agora, há um número crescente de opositores à política agrícola também Afinal, bom dentro dos Estados Unidos. O que se argumenta é que o excesso de protecionismo não traz ganhos econômicos, é ruim para o meio ambiente e ainda prejudica a imagem internacional do país. “Nossa credibilidade é zero”, avalia o economista Daniel Summer, da Universidade da Califórnia. Summer diz que os Estados Unidos não terão condições morais de defender políticas de livre comércio para outros países enquanto mantiverem a farm bill, que engloba os subsídios agrícolas. Além disso, um relatório do Congresso apontou que praticamente todas as lavouras americanas não resistiriam a contestações na Organização Mundial do Comércio.

A ineficiência da política americana pode ser medida pelo número de pessoas beneficiadas, que é cada vez menor. Hoje, somente uma em cada 150 pessoas está ligada a atividades no campo. O dado mais aterrador é o crescimento dos grandes fazendeiros, que têm apoio oficial e devoram pequenos e médios. Desde 1982, as fazendas com faturamento superior a US$ 5 milhões mensais tiveram crescimento de 220%; por outro lado, caiu em 32% o faturamento daquelas com receita entre US$ 10 mil e US$ 250 mil mensais. A população rural também envelheceu. Menos de 6% dos americanos do campo têm menos de 35 anos, enquanto 26% estão acima dos 65 anos. Esse quadro, no entanto, dificilmente mudará. Em plena campanha eleitoral, nenhum dos candidatos ousa tocar nesse tabu.