otor de crescimento do Brasil nos últimos anos, as commodities vêm sofrendo com a diminuição do apetite dos chineses pelas compras e, consequentemente, com a desvalorização do preço das principais matérias-primas brasileiras. Não por acaso, a safra de soja, apesar de bater recorde de produção, com cerca de 95 milhões de toneladas colhidas, vêm perdendo o brilho visto em outros tempos dentro da balança comercial brasileira. Por isso, a busca por produtos de maior valor agregado tem sido cada vez mais vista como uma oportunidade de mercado. Entre eles está o segmento de óleos vegetais, voltado para a indústria alimentícia. Um dos casos de destaque é a americana Bunge que, pelo desempenho obtido no ano passado, é a campeã do prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL 2015 no setor ÓLEO VEGETAL.

A empresa, uma das maiores processadoras de grãos do mundo, sofreu com o valor menor da soja. Essa queda foi um dos fatores que levou a sua receita líquida global a uma redução de 5,7% no ano passado, registrando US$ 57,8 bilhões. Mas, por conta de melhores práticas na indústria e no comércio de produtos, apesar da receita mundial menor, a Bunge obteve um lucro líquido de US$ 659 milhões, mais que o dobro de 2013. No mercado brasileiro, onde completou 110 anos de atuação em 2015, o desempenho da empresa foi positivo. Em 2014, a dona de marcas como Salada, Soya, Cyclus e Primor faturou R$ 34 bilhões, 2,9% acima do ano anterior.  “Estamos passando agora por um período desafiador e o setor de óleos é um mercado volátil”, diz Raul Padilla, presidente da Bunge no Brasil. “Mas fechamos boas parcerias para levar sempre o melhor produto aos clientes e fornecedores.”

No País, a Bunge atua em toda a cadeia produtiva do agronegócio, indo do campo à mesa do consumidor. A empresa compra grãos, como soja, trigo e milho e processa alimentos como óleos, margarinas, maioneses e azeite, além de arroz, farinha de trigo, molhos e atomatados. Entre fábricas, usinas, moinhos, portos, centros de distribuição e silos, a Bunge possui no cerca de 100 instalações nas quais emprega 20 mil funcionários. Em todo o processo, a sustentabilidade dos produtos está na base da produção. A Bunge Brasil compra a produção de cerca de 17 mil agricultores em todo o País, entre eles três mil têm origem na agricultura familiar. O principal ponto, além da assistência no campo para mostrar as melhores práticas de produção, é adquirir produtos de fazendas que cumpram com os compromissos ambientais ou sociais, entre eles não desmatar e cuidar de questões trabalhistas. Neste ano, a Bunge investiu cerca de R$ 32 milhões em ações de gestão e proteção ambiental. Um dos projetos  já consolidados é o Soya Recicla, programa de reciclagem de óleo de cozinha que é transformado em sabão e biocombustível. Com quase dois mil pontos de coleta em cinco Estados, no ano passado foram recolhidos 665 toneladas de óleo, 26% acima do ano anterior. De acordo com Padilla, os produtos que vão para as prateleiras do varejo com maior valor agregado, podem ser mais atrativos para a empresa.

Segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), o processamento de soja em 2015 deve ser de 40,1 milhões de toneladas, 6,6% acima do desempenho do ano passado. Para o próximo ano, a entidade acredita em uma produção de óleo de 40,5 milhões de toneladas, crescimento de 1%.  Já a exportação em 2015 deve ser de 1,4 milhão de toneladas, um crescimento de 8% ante 2014. Pode parecer pouco diante da soja in natura, com uma produção que aumentou 10,2% na comparação com a safra anterior, mas evidencia que a cultura do valor agregado vem ganhando a atenção no agronegócio. “O setor dos óleos vegetais foi beneficiado pelo aumento da produção do farelo de soja destinado à alimentação animal”, diz Daniel Furlan Amaral, gerente de economia da Abiove. “Mas a indústria pode ser ainda mais competitiva se o governo olhar para o setor e fazer alguns acertos de rota, entre eles  diminuir a altíssima carga tributária.”